Contra as lesões marchar, marchar
Cumprido o objetivo inicial no primeiro trimestre de 2018 com o regresso ao top 300 mundial (297º ATP esta semana), Frederico Silva sente-se capaz de abraçar novos desafios numa espécie de segunda carreira, depois de duas paragens forçadas por lesão e cuja recuperação foi difícil.
Superadas essas barreiras, o pupilo de Pedro Felner considera que, aos 23 anos, é um jogador mais maduro e experiente e que as duas paragens serviram para refletir.
O regresso foi bastante auspicioso numa série de Futures que contaram com o apoio da Federação Portuguesa de Ténis. Às duas vitórias em Vale do Lobo e Loulé, seguiu-se a final em Lisboa e uma meia-final no Porto. Um percurso notável para o jovem das Caldas da Rainha a poucos dias de reviver as emoções do ano passado no Millennium Estoril Open, onde afastou na 1ª ronda o então nº 88 do Mundo, Denis Istomin, do Ubesquistão.
Numa viagem ao passado, Frederico Silva fala-nos de como superou os momentos difíceis e encara o futuro:
Primeira lesão, em agosto de 2016. “Comecei a sentir dores no pulso esquerdo e alguma instabilidade. Foi uma lesão no ligamento triangular. Cheguei a levar uma infiltração, melhorei, mas depois vieram os mesmos problemas”
Segunda lesão. Volvido um ano nova paragem. Em julho de 2017, após defrontar o australiano Alex de Minaur na final no ITF na Póvoa de Varzim, Frederico Silva é obrigado a parar. Problemas no pulso direito no tendão flexor cubital. Paragem mais dolorosa em termos psicológicos.
Tratamentos. “Em todas estas situações fiz tratamentos de mesoterapia, magnototerapia e electroestimulação em Lisboa. É preciso alguma dose de paciência e ter muita confiança”.
Prevenção: “Baixei e tensão das cordas de 24 para 21 quilos na minha raqueta (Head Radical), que pesa 350 gramas. Passei a utilizar um grip mais grosso e jogo sempre de pulso ligado”
Exercícios. “Para reforçar os músculos no antebraço e a zona do pulso fiz muitos exercícios com elásticos. Quando estava na fase de recuperação fazia 4 vezes ao dia cerca de 20 minutos, incluindo muitos alongamentos. Hoje reduzi para cerca de 10 minutos por dia esse trabalho. Além disso, recorro a outros aparelhos (rolos) para massagens no braço e nas pernas”.
Confiança. “O meu treinador Pedro Felner sempre me disse para ter paciência. Houve alturas em que não podia bater direitas e servir. Treinávamos a esquerda e o slice. Há sempre alternativas…”
Taça Davis. “Portugal tem uma equipa muito forte, mas é preciso ter sorte no sorteio. Acredito que um dia poderemos chegar ao Grupo Mundial”
Objetivos. “A primeira fase está cumprida com o regresso ao top 300. Se tudo correr bem, espero aproximar-me do top 200 e quem sabe melhorar o meu melhor ranking (231º). Não é fácil, mas sinto-me mais maduro e até acho que agora estou a jogar melhor ténis”.
Norberto Santos, jornalista