João Sousa, a alma de guerreiro


Simplesmente admirável a maneira como João Sousa descobriu o caminho para o sucesso ao conquistar o Millennium Estoril Open, o terceiro título que lhe deu a maior satisfação de uma carreira que pode ser ainda mais enriquecida.

Aquele que é o melhor jogador português de sempre e bandeira da Seleção Nacional da Taça Davis, que representa desde 2008, inverteu toda a lógica das três anteriores presenças no Clube de Ténis do Estoril e mostrou um nível técnico jamais visto.

São pequenos pormenores que à primeira vista passam um pouco despercebidos, mas que esta semana sobressaíram em compita com jogadores mais novos e melhores classificados no ranking mundial.

O padrão exibicional de João Sousa não merece quaisquer reparos, tal foi a inteligência em saber utilizar todos os recursos técnicos, numa demonstração cabal que o trabalho compensa ao lado do seu técnico Frederico Marques. Foram anos e anos a fio a trabalhar para aperfeiçoar o gesto de uma pancada e o enquadramento no terreno. Seja o serviço ou o jogo de pés, mas, acima de tudo, João Sousa demonstrou que está a atravessar aquela fase adulta e que sabe gerir a pressão, sem entrar em conflito consigo próprio.

É este tipo de perfil que um jogador precisa de ter para singrar no duro circuito profissional e onde só a conjugação de vários fatores permitem lidar com o sucesso. Dito por outras palavras, não importa jogar bem uma ou duas partidas e ser eliminado a seguir. O importante é saber ultrapassar os vários obstáculos e saber interpretar táticas e técnicas diferentes consoante os adversários e o seu nível. Mentalmente, como dizem os franceses, é preciso estar “au point”.

Ténis nacional em alta

Há muito tempo que o ténis português vinha dando sinais de afirmação a nível mundial. A subida de nível é notória – e pela primeira vez temos 7 jogadores no top 300 nacional – e no topo da pirâmide, Portugal disputou em setembro do ano passado, no Jamor, a eliminatória de acesso ao play-off do Grupo Mundial frente à Alemanha.

Um motivo de natural orgulho quando se chega a esta fase de uma competição centenária como a Taça Davis. Os objetivos têm sido bem interpretados pelos jogadores e pela direção federativa que tem facultado todas as condições à Seleção Nacional.

Não foram precisos mais do que seis meses para no 93º aniversário da Federação Portuguesa de Ténis ter sido assinado o protocolo com o Estado, ficando a entidade federativa responsável pela exploração do complexo do Estádio Nacional. Não poderia ter havido melhor prenda de anos para quem porfiou tanto para assegurar uma digna gestão de um espaço que é considerado um verdadeiro pulmão da alta competição e onde está instalado o CAR Jamor Jogos Santa Casa.

Agora, foi a vez de João Sousa com a sua alma de guerreiro dar-nos alegrias sem fim. Uma vitória histórica e que será lembrada por todos aqueles que estiveram no Clube de Ténis do Estoril.

E pode muito bem acontecer que nas bancadas um qualquer ‘guerreiro’ queira herdar a mesma alma do nosso João Sousa para daqui a uns anos também fazer história. Especialmente em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo…

 

Norberto Santos, jornalista

 

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