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17-06-2024

ATP 500 Terra Wortmann Open - Halle, Alemanha

Nuno Borges eliminado por Daniil Medvedev

17-06-2024

Copa del Sol, Sub-14, Espanha

Coutinho, Sardinha e Correia eleitos para Valência

17-06-2024

Enea Poznan Open, Polónia

Gastão Elias ultrapassa o qualifying de singulares

17-06-2024

Ranking WTA

Francisca Jorge com novo registo máximo pessoal

17-06-2024

Ranking ATP

Henrique Rocha volta a ser segundo entre portugueses

16-06-2024

Circuito Una Seguros / FPT

Nuno Pinheiro vencedor do Open de Oeiras

16-06-2024

2.ª Etapa BT Circuito CTSM / Hotel Senhora da Hora

Rodrigo Medeiros e Nuno Carvalho consagrados vencedores 

16-06-2024

Enea Poznan Open, Polónia

Gastão Elias entra com o pé direito no qualifying

16-06-2024

Circuito Una Seguros / FPT

Mathieu Dussaubat campeão no The Campus Open

16-06-2024

2.ª Etapa BT Circuito CTSM / Hotel Senhora da Hora

Par Daniela Cardoso/Sandra Tomás vencedor

16-06-2024

Circuito Juvenil FPT

Duarte Sanches campeão de singulares em Almeirim

16-06-2024

Circuito Una Seguros / FPT

Iara Guerreiro Gonçalves com título na Quinta do Lago

16-06-2024

BT10 Lombos Beach Tennis Tour VII

Dupla luso-brasileira com Débora Madile campeã

16-06-2024

Guimarães Ladies Open

Francisca Jorge campeã num W75 pela primeira vez

16-06-2024

Bratislava Open, Eslováquia

Henrique Rocha falha conquista do segundo título

16-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Duarte Vale vice-campeão na prova individual

16-06-2024

Circuito Una Seguros / FPT

Thamyrys Araújo vencedora no Open de Oeiras

15-06-2024

ATP 500 Terra Wortmann Open - Halle, Alemanha

Nuno Borges no segundo encontro com Medvedev

15-06-2024

Circuito Juvenil FPT

Catarina Gomes e Gonçalo R. Castro campeões em Lousada 

15-06-2024

Portimão 2024 International Tournament U14

Sofia Almeida e Francisco Sardinha campeões em pares

15-06-2024

Lexus Ilkley Trophy, Inglaterra

Jaime Faria não vai juntar-se a Henrique Rocha

15-06-2024

Guimarães Ladies Open

Francisca Jorge e Matilde Jorge estiveram perto do título

15-06-2024

BT50 Lombos Beach Tennis Tour VI

Henrique Freitas e Pedro Maio conquistam título

15-06-2024

Portimão 2024 International Tournament U14

Sofia Almeida não consegue lugar na decisão

15-06-2024

Bratislava Open, Eslováquia

Henrique Rocha outra vez numa final de singulares

15-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

João Graça e Illia Stoliar campeões pela primeira vez

15-06-2024

Guimarães Ladies Open

Francisca Jorge discute título em casa no domingo

15-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Duarte Vale na segunda final de singulares da época

14-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Final de pares com Araújo/Domingues e Graça/Stoliar

14-06-2024

Lexus Ilkley Trophy, Inglaterra

Jaime Faria estreia-se em relva natural diante de Zhukayev

14-06-2024

Guimarães Ladies Open

Francisca Jorge foi mais forte do que Matilde Jorge

14-06-2024

Portimão 2024 International Tournament U14

Sofia Almeida é a única portuguesa nas meias-finais

14-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Duarte Vale afasta Frederico Silva das meias-finais

14-06-2024

Circuito Juvenil FPT

Diogo Serafim conquista título na Lumiar B16 Cup

14-06-2024

Bratislava Open, Eslováquia

Henrique Rocha fixa-se nas meias-finais em singulares

14-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Tiago Pereira não ultrapassa os quartos de final

13-06-2024

BT10 Lombos Beach Tennis Tour V

Tomás Noro foi consagrado campeão

13-06-2024

Guimarães Ladies Open

Parceria Francisca Jorge/Matilde Jorge semifinalista

13-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Seis portugueses nas quatro duplas das meias-finais

13-06-2024

J300 Bamberg, Alemanha

João Dinis Silva fica pela ronda dois em duplas

13-06-2024

Portimão 2024 International Tournament U14

Cinco tenistas portugueses nos quartos de final

13-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Tiago Pereira tem lugar certo nas meias-finais em pares

13-06-2024

Guimarães Ladies Open

Francisca Jorge confirma encontro com Matilde Jorge

13-06-2024

Torneo Internazionale Under 16 Città di Crema, Itália

Frederica Nunes e Jorge Vanine saem de cena

13-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Frederico Silva leva a melhor sobre João Domingues

13-06-2024

Bratislava Open, Eslováquia

Henrique Rocha está entre os oito finalistas

13-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Francisco Rocha e Tomás Serrano Luís com cedências

13-06-2024

ATP 250 s'-Hertogenbosch, Países Baixos

Francisco Cabral falha meias-finais em pares

13-06-2024

Guimarães Ladies Open

Matilde Jorge está nos quartos de final em singulares

13-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Tiago Pereira espera por Tomás Serrano Luís

13-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Duarte Vale foi melhor do que Tiago Silva

12-06-2024

Guimarães Ladies Open

Par Sara Lança/Sana Garakani foi afastado

12-06-2024

BT50 Lombos Beach Tennis Tour IV

Martim Andrade Sousa e Miguel Andrade Sousa campeões

12-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Frederico Silva, Diogo Marques e Duarte Vale vitoriosos

12-06-2024

Guimarães Ladies Open

Angelina Voloshchuk não continua em singulares

12-06-2024

J100 Qionghai, China

Patrícia Gui encerra a participação 

12-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

João Domingues vence Diogo Morais em três sets

12-06-2024

Guimarães Ladies Open

Francisca Jorge foi autoritária na entrada

12-06-2024

Torneo Internazionale Under 16 Città di Crema, Itália

Frederica Nunes e Jorge Nunes nos quartos de final

12-06-2024

Torneio Internacional Cidade de Elvas

Tiago Silva dá passos em frente na prova individual

NOTÍCIAS DO TÉNIS

Junho 2024

Junho 2024

 

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Maio 2024

 

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DESTAQUE INSTITUCIONAL

Decorreram seis anos entre a publicação do «Regulamento do Jogo do Lawn-Tennis», da autoria do major inglês Walter Clopton Wingfield, e a introdução deste desporto em Portugal.

O referido regulamento, que sistematizava a modalidade idealizada por este oficial do exército de Sua Majestade britânica aquando de uma das suas comissões de serviço na Índia, foi tornado público em 1874. Em 1880 tiveram lugar no nosso país os primeiros jogos de ténis, praticados entre os representantes da comunidade inglesa, que confraternizavam de raqueta na mão, nos relvados do Porto, Cascais e Carcavelos.

O ténis ia-se tornando popular entre os abastados comerciantes ligados à exportação do Vinho do Porto. Os diplomatas, domiciliados na sua maioria na zona da vila piscatória dos arredores de Lisboa, não descuravam a possibilidade de experimentar a nova moda; e em Carcavelos eram os operários envolvidos na construção do cabo submarino que se divertiam com o novo desporto.

Mas de modalidade praticada em quase exclusivo pela comunidade anglófona a desporto preferido de uma parte significativa da aristocracia portuguesa foi um passo. Dado por um comerciante de renome, Guilherme Ferreira Pinto Basto.


     
Nascido em Lisboa em 1 de Fevereiro de 1864, Guilherme Pinto Basto fez os seus primeiros estudos em Portugal, mas em 1878 iniciou um périplo por países europeus, passando pelo Colégio de Downside, em Inglaterra, por Paris e por diversas cidades alemãs.

Além de uma sólida bagagem cultural, adquiriu também nessas viagens o gosto pela prática desportiva, tendo-se destacado na patinagem, hóquei no gelo, ciclismo, corridas de cavalos, tauromaquia (como bandarilheiro), vela, remo, automobilismo, golfe, futebol e ténis. Em 1950 - com 86 anos - era o mais idoso praticante de desporto em Portugal. O futebol e o ténis foram as suas duas grandes paixões, tendo trabalhado intensamente para a sua divulgação. É considerado o «pai» do futebol português, jogo introduzido no nosso país por si e pelos seus irmãos Eduardo e Frederico.

Mas foi no ténis que mais profundamente se empenhou, sem nunca esquecer as suas obrigações profissionais - primeiro enquanto trabalhador na firma E. Pinto Basto & Cª Lda., dirigida pelo seu pai Eduardo Ferreira Pinto Basto e pelo seu tio Teodoro Ferreira Pinto Basto; depois como encarregado de negócios da Islândia e do Sião e cônsul-geral da Dinamarca.

Como praticante conseguiu sagrar-se por nove vezes vencedor nos Campeonatos Internacionais de Portugal. Mas foi enquanto dirigente que a sua actividade deu maiores frutos, nomeadamente com a fundação de dois clubes - o Club Internacional de Football e o Sporting Club de Cascais. A sua capacidade organizativa levou-o depois a presidir à primeira direcção da Federação Portuguesa de Lawn-Tennis, fundada em 16 de Março de 1925. Desempenhou o cargo até 1934, quando foi substituído pelo seu amigo e director do Sporting Club de Cascais, Rodrigo Castro Pereira. Em 1946 foi eleito Presidente Honorário da Federação, posição de que muito se orgulhou até à data do seu falecimento, em 26 de lulho de 1957.

O Sporting Club de Cascais foi o berço onde o «pai» do ténis português, Guilherme Pinto Basto, ensinou este desporto a dar os primeiros passos.

Popularmente conhecido pela denominação de «Club da Parada», o Sporting cascalense atraiu o interesse de muita gente para o Lawn-Tennis, surgindo como pioneiro na organização de campeonatos, juntamente com o Real Velo Clube do Porto.

Com a componente social a dar lentamente lugar à vertente competitiva, as primeiras figuras do ténis português iam aparecendo - além de Guilherme Pinto Basto (vencedor do torneio anual do clube entre 1892 e 1898) e do seu irmão Eduardo, destacavam-se Luís Ricciardi, José Bello, Afonso Vilar, Rodrigo Castro Pereira, as senhoras Vitória Perestrelo, Maria Luísa D'Orey, Ana de Sousa Coutinho, Helena Mauperrin dos Santos e Angélica Plantier, e os ingleses residentes em Portugal: os senhores Dagge, Shore, Frazer e Peel estavam entre os mais assíduos competidores. E já no início do século um dos habituais participantes nos torneios de pares era nada mais nada menos que Sua Majestade EI-Rei D.Carlos, um grande amante da modalidade e amigo pessoal do presidente do clube.

Mas as iniciativas de Guilherme Pinto Basto não paravam. Em 1901 conseguiu organizar um torneio de exibição com a presença de vários jogadores ingleses de nomeada. A este propósito, registe-se esta passagem da edição de Outubro de 1904 da revista «Tiro e Sport», retirada de um perfil do grande desportista: «Ainda em 1901 conseguiu atrair a Cascais o que há de mais selecto entre os jogadores de ténis de Inglaterra. Todos nós tivemos o prazer de admirar o elegante jogo de Madame Blanche Hillyard e de Miss Robb, detentoras do Campeonato do Mundo (nota: referência aos Campeonatos Britânicos, então disputados no complexo de Worple Road, antes de passarem em 1922 para Church Road, Wimbledon; Blanche Hillyard ganhou a prova por cinco vezes 1889, 1894, 1897, 1899 e 1900 - enquanto a Sra. Robb venceu em 1902); Monsieur e Madame Neville Durlarcher, H.S. Mahony, C.H. Caselet e Monsieur George Hillyard deram-nos tardes encantadoras no Sporting Club».

Com o interesse crescente à volta da modalidade, os torneios clubísticos iam aumentando de importância, à medida que as próprias agremiações iam nascendo. Clube Português de LawnTennis, Grupo Lawn-Tennis de Lisboa, Lisboa Cricket Club, Grupo de Matosinhos, Assembleia da Granja, Club da Foz, Grupo Nova Sintra, Oporto Cricket Club, Grupo de S. Roque da Lameira, Carcavelos Cricket Club, Grupo Lawn-Tennis do Prado (Porto) e Grupo Lawn-Tennis da Parede foram alguns dos clubes que se juntaram ao Sporting Club de Cascais e ao Real VeIo Clube do Porto.

Em Setembro de 1904, a revista «Tiro e Sport» retrata de forma pitoresca um dos torneios realizados em Cascais: «O 'tennis' começa a animar-se no Sporting Club de Cascais. No domingo, 18, principiou ali um torneio de 'mixed-doubles' em que tomaram parte: Sua Majestade EI-Rei com o Sr. João Ferreira Pinto Basto; a Sra. D. Anna de Sousa Coutinho (Linhares) com o Sr. José Manuel Figueira; a Sra. D. Maria de Jesus Salema com o Sr. Eduardo Ferreira Pinto Basto; a Sra. D. Maria do Carmo Avillez com o Sr. José Roquette; a Sra. D. Maria Roquette com o Sr. José de Castello Branco Ribeiro da Cunha e o Sr. Francisco Mendonça de Sommer com o Sr. Carlos Figueira. O torneio começou às duas horas debaixo de chuva e foi suspenso só às cinco e meia, ficando com mais probabilidades de vencerem os Srs. Carlos Figueira e Francisco Sommer.» Não deixa de ser curioso que neste torneio de pares-mistos duas das seis duplas fossem inteiramente masculinas...

Com o êxito das pequenas iniciativas vieram os grandes sonhos. E em 1902 foi possível tornar realidade a primeira edição dos Campeonatos Internacionais de Portugal, ainda e sempre no recinto do Sporting Club de Cascais. Dois anos depois, a prestigiada «Tiro e Sport» abria as suas páginas para noticiar a terceira edição da prova: «Era com grande ansiedade que se aguardavam os resultados destes Campeonatos, pois que, para além dos jogadores antigos, cujos créditos já estão firmados, havia alguns jogadores relativamente modernos e cujo valor não era de todos conhecido. Houve partidas interessantíssimas e algumas que despertaram grande entusiasmo. Não entremos na apreciação particular de cada um dos jogadores que mais se distinguiram, porque de forma alguma queremos melindrar o seu amor próprio, mas pelos exames dos mapas (nota: os quadros das provas acompanhavam a reportagem) fácil será apreciar as diversas fases do jogo e a forma por que se houveram os respectivos jogadores, entre os quais se destacam alguns dos modernos a que acima nos referimos.»

Da análise dos quadros fica-se a saber que em singulares-homens a vitória coube ao Sr. R. Frazer, que na final bateu o Dr. José Correia (Castelo Novo), por 6-3, 2-6, 5-7, 6-3, 6-3; em pares-homens os triunfadores foram R.Frazer / S.Moreira; e em pares-mistos venceram Eduardo Pinto Basto e Maria de Jesus Salema. Sua Majestade EI-Rei D. Carlos não foi feliz nesta competição: em pares-homens, ao lado do inglês Shore, quedou-se pela primeira eliminatória, batido pelos britânicos Wallick e Maswell, por 2-6, 6-4, 6-0; nos pares-mistos, fazendo equipa com a já credenciada Angélica Plantier (desta vez EI-Rei teve mesmo de jogar os «mixeddoubles» ao lado de uma senhora...), totalizou apenas 13 jogos num torneio disputado na modalidade de todos contra todos em partidas até 11 jogos, vencendo um encontro por 6-5, perdendo outro pela mesma marca, e sendo derrotado de forma severa nos restantes (11-0, 9-2 e 11-0).

Entre 20 e 23 de Outubro de 1905 o Sporting Club de Cascais promoveu a quarta edição dos Campeonatos Internacionais de Portugal, com quatro competições distintas - a prova de singulares-senhoras faz finalmente a sua entrada no programa. Foi ainda na «Tiro e Sport» que foi publicado o seguinte relato: «Esta é, realmente, a mais desportiva de todas as festas que o Sporting Club organiza anualmente.- A ela concorrem sempre os melhores jogadores portugueses, em competência com reputados tenistas estrangeiros. Este ano a sorte foi adversa aos portugueses, pois que as primeiras classificações couberam aos estrangeiros. Os nossos jogadores, entre os quais se notaram aptidões excepcionais, poderiam ter ficado em melhor lugar na classificação geral se tivessem tido a pachorra de se prepararem convenientemente. Apesar do tempo se ter apresentado inconstante e por vezes mesmo chuvoso, a concorrência de espectadores foi enorme». Miss Ellerton tornou-se a primeira senhora a vencer, enquanto em singulareshomens o triunfo coube a Mr. Lourdain. Os «couples» Morrison / Jourdain e Frazer / Teresa Calheiros ganharam em pares-homens e pares-mistos.

Em 1909 é lançada uma nova competição - o Campeonato de Portugal Inter-Clubes. A primeira edição da prova integrava as variantes de pares-homens e pares-mistos. Na prova de duplas masculinas, realizada na Tapada da Ajuda, a vitória sorriu ao Club Português de Lawn-Tennis, de Santa Marta, que bateu o Lisbon Cricket Club, da Cruz Quebrada, por 7-2. Em pares-mistos o Carcavelos Club derrotou o Lisbon Cricket Club.

No ano seguinte têm lugar os primeiros contactos além-fronteiras, marcados por uma inesperada vitória no Campeonato Internacional realizado em Madrid. O artigo da «Tiro e Sport» de Maio relativo a este torneio é delicioso, iniciando-se com uma breve referência à passagem do Cometa Halley (observado pelo astrónomo inglês Edmond Halley, em 1682, passa junto à Terra de 76 em 76 anos; as duas Ultimas aparições, em 1910 e 1986, não foram particularmente espectaculares, porque aconteceram em circunstâncias desfavoráveis). «O presente mês é daqueles que ficam memoráveis. Se a passagem do celebrado cometa foi um verdadeiro fiasco, o que é certo é que, talvez por vingança, ele desencadeou contra nós a fúria dos elementos. E que fúria! Ventania rija, chuvas torrenciais, trovoadas tremendas e até frio. Felizmente o 'Lawn-Tennis' pouco sofreu, e se não fora o adiamento de dois desafios, por motivo do falecimento desse grande vulto que foi Eduardo VII, o campeonato Inter-Clubes teria continuado com a maior regularidade. E, não só os melhores desafios desta prova anual foram jogados em melhor tempo que os primeiros, como temos o prazer de registar um grande acontecimento no nosso meio tenista. Pela primeira vez, o nosso país se fez representar no campeonato de Madrid com o mais feliz êxito. O 'couple' formado por José Bello (campeão de Portugal - 'men's doubles' em 1906, 1908 e 1909), e por R. W. Frazer (campeão de 'singles' em 1902, 1904 e 1907), obteve o primeiro lugar. Vencedores na capital espanhola, esses jogadores vieram mais uma vez demonstrar que Portugal, em matéria de desporto, pode colocar-se vitoriosamente nos grandes certames do estrangeiro, e muito seria para desejar que o nosso país se fizesse representar nessas reuniões internacionais o maior número de vezes possível, visto que, incontestavelmente, ele possui elementos para obter as mais brilhantes classificações. Se a vitória em Espanha não se pode considerar uma glória puramente nacional, pois que Frazer é inglês, é certo que possuímos jogadores exímios, e para prova bastaria citar o nome do nosso simpático e campeão João da Costa Macedo (Villa Franca), vencedor dos Campeonatos de Portugal de 'singles', 'men's doubles' e 'mixed-doubles' em 1908 e 1909. Que a nossa pátria seja sempre representada, por quem, como José Bello e Frazer, a quem enviamos um caloroso abraço, lhe possa conquistar um lugar de glorioso destaque nas grandes reuniões do mundo desportivo. Nisto se reúne a nossa ambição de bons portugueses. É preciso que se saiba o que valemos, visto que esse valor existe.»

Em Junho, no âmbito do Mês Desportivo, organizado sob a supervisão da Sociedade Promotora de Educação Física, realizou-se um torneio nacional de «Lawn-Tennis», com os atletas a competirem em cinco provas além dos singulares masculinos e femininos, dos pares-homens e dos pares-mistos, joga-se também, pela primeira vez no nosso país, uma prova de pares-senhoras. A influente «Tiro e Sport», no seu número de julho de 1910, acolhe de braços abertos a novidade: «Pela primeira vez no nosso país se organizou um torneio de 'doubles' para senhoras e foi sem dúvida a prova mais interessante e a que mais agradou. É mister que a mulher portuguesa pratique o desporto. É necessário que dentro em pouco vejamos os 'courts' animados por gentis figuras femininas, alegres nos seus fatos claros, fortes, robustas, ágeis, elegantes, graciosas, sem aquele ar preguiçoso, doentio, que é característico da menina da cidade que se estiola em casa a ler francês em romances vulgares e a vencer dificuldades de acrobatismo musical no imprescindível piano. E, ao contemplarmos os rostos rosados, frescos, dessas jogadoras ficaremos convencidos de que o maior passo para a regeneração da raça está na robustez da mulher, das mães do futuro, em cuja descendência se irá reproduzir esse bem inapreciável que é a saúde e compreendendo o desporto serão as primeiras a aconselhá-lo a seus filhos, ao contrário do que hoje sucede, pois que raras são as que não classificam a ginástica obrigatória dos liceus como um suplício inútil.»

O «Lawn-Tennis» parecia definitivamente lançado como modalidade desportiva. Mas nesse mesmo ano sofreria um forte revés a 5 de Outubro é implantada a Republica.

A aristocracia portuguesa tinha sido até aí interessada espectadora e entusiasmada participante nos torneios de ténis realizados nos clubes de Lisboa e Porto. Com a República, grande parte dos nobres seguem o caminho de D. Manuel II, exilando-se no estrangeiro.

Entre os que restaram continuaram a disputar-se os campeonatos, mas em 1914, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, novo golpe se abate sobre o jovem desporto. Obrigados a alistar-se, portugueses e ingleses residentes em Portugal vão combater para as terras estrangeiras. Registe-se até o caso de Rodrigo Castro Pereira - que em 1934 sucederia a Guilherme Pinto Basto à frente dos destinos da Federação Portuguesa de Lawn-Tennis , que no exílio se procurou alistar no exército português. Como o seu pedido foi recusado, acabou por entrar para o exército dos Estados Unidos da América, chegando ao posto de tenente.

Terminada a guerra, recontaram-se as «espingardas» do ténis nacional, que então viu surgir novos valores, como José de Verda, António Casanovas, Joaquim Miguel de Serra e Moura, Frederico d’Orey, José Roquete, Vasco Horta e Costa, Frederico Ribeiro, Domingos d’Avillez e Eduardo Ricciardi.

Ainda e sempre na primeira linha dos dinamizadores do ténis em Portugal, Guilherme Pinto Basto apela aos seus contactos internacionais e consegue trazer até ao nosso país as grandes figuras do ténis dos «Loucos Anos Vinte». Noel Turnbull, Manuel Alonso, Jean Borotra e a «divina» Suzanne Lenglen são alguns dos grandes campeões que animaram nessa altura os Campeonatos Internacionais de Portugal organizados no clube da Parada. A final feminina de 1923 ficou memorável, com Suzanne Lenglen a bater Angélica Plantier, impedindo a jogadora portuguesa de alcançar nesse ano o seu quarto título. Mas nos nove anos seguintes Angélica apenas deixou escapar o título em 1930...

A Meio da década deu-se outro passo de gigante no desenvolvimento do ténis em Portugal. Com a criação, a 16 de Março de 1925, da Federação Portuguesa de Lawn-Tennis, estava criada a estrutura aglutinadora que permitiria uma mais correcta expansão da modalidade, bem assim como a concretização de um sonho - a participação de Portugal na maior competição por equipas do calendário masculino: a Taça Davis.

Criada pelo coronel americano Dwight Fulley Davis em 1900, a prova disputava-se inicialmente apenas entre os E.U.A. e a Grã-Bretanha e punha em luta um trofeu de prata maciça e duas bases de madeira, com o peso total de 198 quilos. Em 1904 a prova foi aberta também à Bélgica e à França e a partir daí alargou-se a inúmeros países.

Sem terem uma federação nacional, os tenistas nacionais viam-se impedidos de competir na já então famosa prova. Por isso, em 1924, nas instalações do

Automóvel Clube de Portugal, os mais dinâmicos tenistas portugueses reuniram-se e lançaram as bases da Federação Portuguesa de Lawn-Tennis, que entrou em funções no ano seguinte.

Apesar de até 1962 a participação nacional na prova ter sido bastante irregular - durante este período a representação nacional apenas competiu por oito vezes, somando outras tantas derrotas -, a inscrição na prova foi acolhida com grande entusiasmo.

José de Verda e António Casanovas, em singulares, e a dupla António Casanovas/Frederico Vasconcelos foram os escolhidos para defender as cores lusas na primeira eliminatória, disputada em Maio de 1925, em Lisboa, face à Itália. O resultado foi de 4-1, favorável aos transalpinos, com António Casanovas a conseguir o único ponto português, face a Serventi.

Até 1928 Portugal participou todos os anos na Taça Davis e em todas as ocasiões se quedou pela eliminatória inicial - em 1926, fomos a Londres perder com a equipa da África do Sul, por 4-1; no ano seguinte perdemos em Lisboa com a equipa alemã, por 5-0; e em 1928, novamente em Lisboa, fomos batidos pela Nova Zelândia, por 4-1.

Os maus resultados sucessivos desmotivaram dirigentes e jogadores, de tal forma que Portugal apenas voltou a participar na Taça Davis em 1948.

Mais duradouros foram os Campeonatos Nacionais, que se começaram a realizar igualmente em 1925 e que desde então têm vindo a disputar-se ininterruptamente.

Frederico D'Orey, Angélica Plantier, António Casanovas/Frederico Vasconcelos e Angélica Plantier/Frederico Vasconcelos foram os primeiros a verem os seus nomes no palmarés dos Campeonatos Nacionais.

José de Verda, Rodrigo Castro Pereira, António Casanovas, José Roquette e Eduardo Ricciardi foram os grandes dominadores da prova durante os primeiros anos, com Roquette a vencer por 14 vezes o Campeonato - a primeira em 1934 e a Ultima em 1953!

No início dos anos trinta a modalidade manteve-se mais ou menos estagnada, havendo mesmo um período de declínio, a partir de 1934. Conforme escreveu o historiador de ténis Fonseca Vaz no seu livro «O Ténis em Portugal», editado em 1979, é incontestável que nos primeiros tempos a Federação teve uma grande influência na evolução e expansão do ténis português, proporcionando, além dos Campeonatos Nacionais, os Campeonatos Internacionais e a nossa representação na Taça Davis.

Porém, estas provas estavam muito longe de serem suficientes para provocarem a melhoria do nosso nível tenístico. E tanto assim é, que a partir de 1934 se começa a verificar um acentuado declínio e desinteresse pelo ténis, sem que se tivessem tomado medidas imediatas para evitar o mal». E nem a criação por parte da Federação Portuguesa de Ténis, em 1935, da Comissão de Iniciativa e Propaganda do Ténis (C.I.P.T), conseguiu evitar que a modalidade entrasse na curva descendente.

Sem uma coordenação a nível nacional do ensino da modalidade, eram figuras como o prof. Vasco da Fonseca Galvão que ainda conseguiam evitar o marasmo, levando alguns jovens a praticar o ténis.

Nascido em 14 de Fevereiro de 1895, Vasco Galvão destacou-se como técnico, dirigente e jornalista. Tendo chegado a fazer parte em 1926 do elenco federativo de Guilherme Pinto Basto como vogal, foi como treinador que mais se evidenciou.

Desportista ecléctico, começou por dar nas vistas como futebolista, envergando a camisola do Club Internacional de Foot-Ball. Mas a sua vida modificou-se definitivamente quando em 1928 encetou uma viagem a Inglaterra para assistir a um curso de ténis no All England Lawn Tennis and Croquet Club de Wimbledon, a «catedral» da modalidade. Aos 33 anos, Vasco Galvão decidiu passar a viver exclusivamente da modalidade.

Enquanto profissional de ténis, a sua participação nos Campeonatos Nacionais estava proibida. Para poder competir, ainda regressou temporariamente ao estatuto de amador, mas a vontade de ensinar os jovens jogadores era mais forte e o profissionalismo voltou a ser assumido a cem por cento. Vasco Galvão criou a primeira escola de ténis em Portugal - a Escola de Ténis V.P.G., assim denominada em memória do seu filho Vasco Pistacchini Galvão, de entre os seus descendentes o mais dotado para a modalidade, mas que teve morte prematura. Pela V P.G. passaram muitos dos jogadores que se destacaram nas décadas de 50 e 60, como David Cohen, Peggy Brixhe e António .:.

Azevedo Gomes, que Vasco Galvao ainda viu serem campeões, antes da sua morte em 21 de Setembro de 1966.Na sua actividade como jornalista colaborou em diversas publicações, tendo lançado em 13 de Julho de 1930 a revista «Tennis», que se publicou de forma muito irregular até Abril de 1937, tendo inclusive mudado de nome por duas vezes (primeiro, para «Desportos Elegantes»; depois, para «Tennis & Golf») e focado outras modalidades - entre as quais o futebol -, no sentido de manter um lote fiel de leitores. Deste esforço inglório ficaram para a história as crónicas dos torneios da altura e os brilhantes ensaios sobre técnica da autoria do «Director, Proprietário e Editor» Vasco Galvão.

Para que o interesse no ténis não esmorecesse completamente, muito contribuíram as presenças no nosso país das grandes estrelas do ténis mundial. Para participarem nos Campeonatos Internacionais de Portugal, estiveram entre nós nomes famosos, como Marcel Bernard (vencedor em 1932), Henri Cochet, Yvon Petra (que ganhou em 1945), e mais tarde Manuel Santana (triplo vencedor, em 1961, 1965 e 1969), Manuel Orantes, François Jauffret (triunfador em 1968 e 1970), Nicola Pietrangeli e Edison Mandarino (que ganhou em 1966 e na última edição da prova, em 1973).

Entretanto, os vários elencos federativos apostaram também na contratação de diversas estrelas do mundo do ténis profissional, que devido ao seu estatuto não podiam competir nos torneios oficiais, reservados até 1968 exclusivamente a amadores. Por exemplo, em 1949, a Federação Portuguesa de Ténis permitiu aos adeptos portugueses seguirem de perto as exibições de Jack Kramer, Bobby Riggs e Pancho Segura, numa iniciativa que custou aos cofres federativos, segundo dados de Fonseca Vaz no livro «O Ténis em Portugal», um total de 115.273$90, obtendo a F.P.T. uma receita de 114.780$00 e tendo de suportar o prejuízo irrisório de 493$90.

Em 1945, foi inaugurado o complexo do Estádio Nacional. Estreado com pompa e circunstância no dia l0 de Junho, este conjunto de infra-estruturas desportivas respondia ao desejo da Federação Portuguesa de Futebol de possuir um campo para acolher as selecções estrangeiras. Mas tornava igualmente possível uma maior divulgação da prática do ténis, pois do complexo faziam também parte nove «courts» de ténis.

Na inauguração estiveram presentes diversos craques estrangeiros, como Petra, Romanoni, Pellizza, Massip e Szawost.

Todavia, a oportunidade de massificação da prática do ténis - pelo menos na zona da capital - foi esquecida durante mais de vinte anos, tendo de se aguardar por 1966 para que fosse criada uma escola de ensino do ténis no Jamor, por iniciativa do então Ministro da Educação, Galvão Teles.

O interesse nos Campeonatos Nacionais apenas voltou a crescer no início dos anos sessenta, quando o nível qualitativo dos praticantes subiu e o ténis português ficou marcado pela rivalidade que permitiu a Alfredo Vaz Pinto e João Lagos repartirem os títulos disputados entre 1963 e 1972. Vaz Pinto venceu em 1963-64 e depois entre 1968 e 1972. Lagos ganhou três Campeonatos consecutivos, entre 1965 e 1967.

No sector feminino, chegava ao fim o domínio de Peggy Brixhe, oito vezes campeã nacional - a primeira em 1945, a derradeira em 1966 -, para se iniciar o de Leonor Santos (depois Peralta). De 1967 a 1982, venceu a prova por 13 vezes, deixando escapar somente os títulos de 1977, 1978 e 1981, sempre para Deborah Fiuza.

Inicia-se então uma fase de expansão do desporto das raquetas, que se acentuaria a partir de 1976, com a actuação de Cordeiro dos Santos à frente da Direcção da F.P.T.. Competitivamente, o início da década de setenta é marcado pela monotonia, tal a superioridade dos melhores executantes o portuense José Vilela ganha cinco campeonatos consecutivos em singulares, de 1973 a 1977, enquanto a dupla José Vilela/João Lagos arrecada sete títulos de 1970 a 1978.

A revolução de Abril vem encontrar o ténis português ainda numa fase muito precária. Todavia, os adeptos portugueses tiveram conhecimento nesse ano de uma das melhores notícias para a modalidade.

Henrique Mantero Belard, estrangeiro radicado em Portugal, faleceu e deixou parte da sua fortuna, obtida nos Estados Unidos da América, a diversas instituições nacionais.Setenta por cento da sua herança excluídos os montantes devidos aos herdeiros - revertia para a Santa Casa da Misericórdia; vinte por cento para a Cruz Vermelha Portuguesa; e os restantes dez por cento para a Federação Portuguesa de Ténis.

A F.P.T decidiu entretanto instituir o Troféu Artur Mantero nas suas competições mais importantes - primeiro no Open de Portugal, torneio internacional masculino da categoria «challenger» que se realizou durante a segunda metade da década de oitenta; e ultimamente nos Campeonatos Nacionais, cuja denominação oficial é Campeonatos Nacionais Absolutos/Troféu Artur Mantero.

Um pouco à semelhança do que aconteceu em Wimbledon em 1973, os Campeonatos Nacionais tiveram também na década de setenta um forte abalo.

Aconteceu em 1979, quando a maioria dos melhores jogadores nacionais decidiram boicotar a prova.

Tudo teve como origem o confronto Lisboa-Porto. Prova com tradições nos anos vinte e trinta, o embate entre os representantes das duas principais cidades portuguesas tinha desaparecido do calendário. Por iniciativa da F.P.T , foi reinstituído em Abril de 1979, com a equipa de Lisboa, capitaneada por Raúl Peralta, sul-americano radicado no nosso país e marido de Leonor Santos, a bater a formação do Porto, liderada por Nuno Allegro.

Até aqui tudo normal. Só que posteriormente à prova o «capitão» da equipa portista decidiu não restituir à Federação a Taça dos vencidos. Instado várias vezes a entregar o troféu, Nuno Allegro recusou-se terminantemente. Como retaliação, a direcção comandada por Cordeiro dos Santos não autorizou a sua participação nos Campeonatos Nacionais, em que o tenista da Foz estava inscrito. Allegro reagiu e conseguiu obter a solidaridade de mais 27 jogadores. E apesar da tentativa de conciliação de última hora, a prova realizou-se mesmo sem a presença dos «rebeldes», acabando o título por sorrir a Miguel Soares em singulares-homens, enquanto Leonor Santos somava mais uma vitória, a 11ª.Curiosamente, nos pares-homens os vencedores foram os irmãos José Manuel e Pedro Cordeiro, filhos do presidente da direcção da F P.T.

Esse foi o primeiro título nacional absoluto de Pedro Cordeiro. Mais uma dezena se seguiriam, quatro dos quais em singulares, obtidos consecutivamente entre 1982 e 1985.

Este período marcou uma viragem em direcção ao profissionalismo, também tornado possível pelo impacto que teve uma iniciativa de João Lagos. Abandonada a prática desportiva em finais dos anos setenta, o ex-tricampeão nacional manteve-se ligado ao ténis com dois projectos arrojados - a criação de uma escola de ténis e o lançamento de uma empresa destinada à organização de eventos. Com origem em 1975, a Escola de Ténis João Lagos foi o embrião de um projecto que actualmente comporta mais de uma dezena de firmas distintas, todas dedicadas à área do desporto. A Sotenis iniciou pouco depois a sua actividade, começando por organizar torneios de «prize-money», alargando depois o seu raio de acção aos Grande Prémios, circuitos satélites, competições internacionais de juniores e «challengers», até chegar ao ambicionado grande torneio, tornado realidade em 199° com a inclusão do Estoril Open no calendário oficial do ATP Tour, com a categoria «World Series».

Em 1982 a ideia longamente amadurecida de trazer a Portugal uma grande figura do ténis mundial tornou-se finalmente possível. O mítico Bjorn Borg, retirado do circuito profissional no Outono de 1981, dedicava-se então apenas a encontros de exibição. As suas prestações em Cascais e Póvoa de Varzim, onde actuou ao lado de Vitas Gerulaitis, relançaram o interesse na modalidade das raquetas. Com os pavilhões a abarrotar e a televisão a permitir a milhões verem em actuação aquele que muitos consideravam o melhor jogador da história do ténis, deu-se início a um inesperado «boom» no número de praticantes, que fez com que no final da década de oitenta o ténis fosse a segunda modalidade desportiva mais praticada em Portugal.

A chama de entusiasmo à volta do ténis manteve-se acesa no ano seguinte. Um promotor alemão propôs a Armando Rocha, então presidente da Direcção da F.P.T., a realização em Portugal, durante 1983, de um grande torneio, integrado no «Grand Prix». O projecto foi aceite.

Com um total de 250.000 dólares em prémios, o Open de Portugal trouxe ao Estádio Nacional alguns dos melhores jogadores daquele tempo. Jose Higueras, Jimmy Arias e Victor Pecci, entre outros, foram actores secundários num torneio protagonizado pelo francês Yannick Noah e pelo sueco Mats Wilander. O escandinavo venceu no Jamor, mas um mês depois Noah teve a sua desforra... na final de Roland Garros.

Mas se a iniciativa foi um sucesso momentâneo, acabou por ter um custo elevado. Incapazes de competir com o peso dos nomes presentes no Open de Portugal, os organizadores nacionais deixaram de contar com o apoio de patrocinadores para iniciativas mais modestas. E como o «Grand Prix» não teve descendência, foi necessário esperar três anos para voltar a ver competições de bom nível em Portugal.

Talvez por coincidência o regresso do, grande ténis voltou a passar pela realização de um encontro de exibição. Em 1986, no pavilhão do Dramático de Cascais, o norte-americano de origem sul-africana Kevin Curren defrontou o então ainda checoslovaco Ivan Lendl, líder do ranking mundial. A lotação voltou a esgotar; o espectáculo foi de excelente nível; e nem sequer faltou o elemento-surpresa, com a vitória a sorrir a Curren...

Antes do jogo grande tinha-se realizado um confronto «de aquecimento», com a participação da maior esperança do ténis português - João Cunha e Silva. Momentaneamente aureolado com a posição de número um mundial da categoria de juniores, graças a um conjunto excepcional de exibições no circuito sul-americano do escalão, Cunha e Silva era o primeiro produto de um trabalho rigoroso, desenvolvido em moldes profissionais. Representante da Escola de Ténis João Lagos, João Cunha e Silva corporizava as esperanças de todos os adeptos portugueses, numa altura em que Nuno Marques - que em 1982 alcançara o título de vice-campeão europeu da categoria de iniciados, perdendo a final de Blois para o soviético Andrei Cherkasov, então com 16 anos, dava os primeiros passos no ténis «a doer».

Com João Cunha e Silva foi feita a primeira aposta séria no profissionalismo, conseguindo-se criar as bases para que outros tenistas nacionais pudessem pensar em competir internacionalmente com o mínimo de ambições. E a própria selecção nacional beneficiou, com as vitórias na Taça Davis a aparecerem com regularidade a partir do momento em que João Cunha e Silva (internacional pela primeira vez em Maio de 1984, com apenas 16 anos, face à Noruega) e Nuno Marques (estreante em Innsbruck, frente à Áustria, em Junho de 1986, também com 16 anos) passaram a ser os pilares da selecção.

Os números falam por si - de 1925 a 1983, Portugal disputou 35 eliminatórias na Taça Davis, perdendo 29 e ganhando seis; desde 1984, jogou 22, saindo derrotado em 13 e vencedor em nove. E em 1994 conseguimos o feito inédito de disputar a «barrage» de acesso ao Grupo Mundial, perdendo com a Croácia no Porto por 0-4 (o último encontro foi cancelado devido à chuva).Com os nossos melhores valores a conseguirem prestações de alguma qualidade, podia novamente pensar-se em organizar competições internacionais em Portugal. Os circuitos satélites masculinos regressaram em Outubro de 1986; antes, o Estádio Nacional assistira ao renascimento do Open de Portugal, numa prova de 25.000 dólares ganha pelo jugoslavo Marko Ostoja.

Nos anos seguintes houve uma verdadeira inflação de provas internacionais, que se estendeu também ao sector feminino. E Portugal, de país sem grandes tradições na modalidade, passava a ser considerado internacionalmente um dos ««paraísos» do ténis de competição, tal a quantidade e qualidade das provas entre nós realizadas.

Estavam lançadas as bases para que o nosso país entrasse pela porta grande no calendário internacional.

Setembro de 1988 foi o mês decisivo para a passagem de Portugal a um novo escalão no panorama do ténis mundial. Nessa altura, numa famosa reunião feita no parque de estacionamento de Flushing Meadows, durante o Open dos Estados Unidos, os jogadores profissionais romperam definitivamente com o M.I.P.T.C., órgão que dirigia os destinos do ténis internacional.

Sentindo que as suas propostas eram sistematicamente ignoradas pelos membros da Federação Internacional de Ténis (I.T F.), os tenistas profissionais optaram por uma posição de força, avançando com a criação de um circuito próprio - o ATP Tour.

A ideia do novo Tour era simples jogadores e organizadores de torneios reuniam-se numa sociedade que passaria a gerir os destinos da componente profissional da modalidade. Os torneios do Grand Slam, as provas dos escalões etários mais jovens e os circuitos satélite, principal meio de desenvolvimento da modalidade junto dos candidatos ao profissionalismo, continuavam a ser responsabilidade da I.T.F..

Uma das propostas apresentadas era a de levar o ténis de mais alto nível a países que habitualmente a ele não tinham acesso. Portugal, através da Sotenis, candidatou-se à organização de uma prova em piso de terra batida. Reconhecendo a capacidade organizativa da entidade portuguesa, que anteriormente levara a cabo dezenas de provas internacionais, o ATP Tour aceitou o pedido. O Estoril Open estava no ano zero.

Começando com um total de prémios de 250.000 dólares, o Estoril Open foi subindo progressivamente de cotação no circuito internacional. Como primeira competição disputada em pó de tijolo no solo europeu, tornou-se ponto de passagem obrigatório para a esmagadora maioria dos especialistas desta superfície.

Desde 1990 o Estoril Open teve já seis edições, com cinco vencedores - os espanhóis Emilio Sanchez (1990), Sergi Bruguera (1991) e Carlos Costa (1992 e 1994); o ucraniano Andrei Medvedev (1993); e o austríaco Thomas Muster (1995). Na Ultima edição estiveram em jogo 575.000 dólares.

Em 1995 o Estoril Open passou a ter a companhia de outra prova portuguesa na categoria de World Series do ATP Tour. O Maia Open/Oporto Cup, depois de um longo percurso como «challenger», chegou à divisão maior do ténis mundial. Com um «prize-money» de 328.ooo dólares, jogou-se na semana seguinte a Roland Garros e foi ganho pelo espanhol Alberto Berasategui. Para 1996 ambas as provas continuam de pedra e cal no calendário do ATP Tour, aumentando mesmo os seus prémios monetários.

Nos últimos anos tem-se assistido à consolidação das carreiras internacionais dos atletas que fizeram uma opção clara pelo profissionalismo.

Sofia Prazeres, vencedora das seis últimas edições do Campeonato Nacional, é a melhor jogadora portuguesa de sempre, ocupando normalmente posições no lote das duzentas primeiras classificadas do ranking mundial.

Entre os homens três nomes se destacam - Nuno Marques, que em Setembro de 1995 conseguiu a melhor posição de sempre de um jogador português no ranking mundial de singulares, atingindo o 86º lugar na tabela do ATP Tour; João Cunha e Silva, vencedor em Outubro, em Monterrey (México) de um torneio de 100.000 dólares, alcançou a melhor vitória de sempre de um tenista luso; e ainda Emanuel Couto, que venceu as três últimas edições do Campeonato Nacional e que com passos seguros chegou ao lote dos 200 melhores jogadores mundiais.

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