Com o laço negro no boné a prestar homenagem a Diogo Jota e a André Silva, tal como horas antes Francisco Cabral usara na camisola durante o encontro de pares, Nuno Borges entrou no court 3 de Wimbledon para honrar a história do ténis nacional, igualando João Sousa na lista dos portugueses na quarta ronda do Grand Slam da relva e os malogrados jogadores de futebol e irmãos falecidos na véspera num acidente de viação. Não foi bem-sucedido, mas ninguém ficou indiferente.
Ao fim de 3.48 horas de épica batalha diante do russo Karen Khachanov (20.º mundial), no qual esteve a servir para selar vitória no 5-2, o maiato (37.º) deixou o court de semblante carregado, mas a merecer os aplausos do público que apreciou o espírito combativo do número um português que acabou afastado no match tie-break, por 6-7 (6/8), 6-4, 6-4, 3-6 e 6-7 (8/10).
Diante do vice-campeão olímpico de Pequim-2021, de 29 anos, Borges, um ano mais novo, foi protagonista de uma partida em jeito de montanha-russa, com altos e baixos sucessivos, numa verdadeira guerra de nervos para ambos os jogadores. A dupla-falta do português naquele que poderia ter sido o jogo decisivo do sucesso foi disso prova.
Pela quarta vez a jogar no All England Club, o jogador que integra o Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis revelou-se superior no primeiro serviço, com 92 pontos ganhos entre os 122 possíveis, foi mais assertivo junto à rede (72%) e assinou 54 winners e 57 erros não forçados, face aos respetivos 52 e 61 do russo.
Em singulares, Nuno Borges tornou-se no único tenista nacional da história a chegar, pelo menos, à terceira ronda dos quatro Grand Slam. Não conseguiu ir mais além, mas este sábado volta ao court para disputar a segunda ronda de pares com Marcos Giron.
Foto: AELTC
