Zdenek Kolar, Vilius Gaubas, Luka Mikrut e Alejandro Moro Cañas são os semifinalistas desta edição do Braga Open, torneio organizado pela Federação Portuguesa de Ténis desde 2018, contribuindo para revitalizar o circuito Challenger em solo nacional.




Colecionador de aeromodelismo, o checo Kolar, 236.º do ranking mundial, no qual foi 111.º classificado, foi o primeiro dos quartofinalistas a levantar voo para a ronda seguinte, após intensa batalha com o lucky loser espanhol Javier Barranco Cosano, a quem ganhou por 2-6, 6-5 e 6-1, ao fim de 2.16 horas, para voltar às meias-finais em Braga, seis anos depois de ter sido afastado nessa fase por Facundo Bagnis, que viria a ser derrotado na final pelo português João Domingues.


“Estou muito contente por estar de novo nas meias-finais. Sinto-me muito bem, pela forma como estou a jogar aqui, não podia ser melhor. Foi uma partida difícil, ele gosta destas condições. No segundo set, mudei a tática e, desde aí, acho que fui superior e tentei fazer o meu jogo. Estou satisfeito pela forma como consegui controlar a situação”, declarou Kolar, empolgado por voltar ao nível challenger depois de uma lesão nas costas o ter obrigado a recuar aos futures.
Campeão na terra batida do Jamor, em 2021, este fã de Rafael Nadal ainda voltou ao court para jogar o par ao lado de Luka Mikrut, croata que venceu a maratona de quase três horas diante do qualifier indiano Sumit Nagal, para se tornar no segundo semifinalista na Cidade dos Arcebispos. O tenista de 21 anos, 239.º do ranking ATP, teve de salvar match point para superar o antigo 68.º da hierarquia, a quem levou a melhor através dos parciais de 5-7, 6-1 e 7-6 (10/8).


“Estou muito contente pela vitória, foi uma montanha-russa este encontro, com muitos altos e baixos. Ambos tivemos hipóteses de ganhar, eu talvez um pouco mais. No match point que enfrentei não pensei coisas muito boas, mas lutei tanto quanto pude e nem me lembro como o salvei, mas ajudou a dupla-falta dele. Estava tão cansado que nem sei se celebrei”, recordou Mikrut, que se estreou como campeão do nível challenger em Como, Itália, há cerca de um mês.
A viver “o melhor ano da carreira”, o jovem de 21 anos recordando a terceira presença em meias-finais nesta divisão competitiva nos últimos meses e dando voz à satisfação de estar mais perto de poder ter somado pontos suficientes para entrar o Open da Austrália em 2026. Para já é em Portugal, onde se estreou ao nível challenger em Lisboa, que mantém o foco. “Gosto muito desta cidade, pequena, ruas estreias, temos passeado para comer gelado e quero aproveitar o mais possível”, rematou Mikrut antes de seguir para o campo, afinal a jornada só estaria terminada após o par.


Pelo meio, Alejandro Moro Cañas, 266.º da hierarquia, garantiu o lugar na mesma meia-final do croata, ao levar de vencida o dinamarquês Elmer Moller, detentor do título, garantindo assim um novo campeão na sétima edição do ATP Challenger 75 bracarense.
Semifinalista no Lisboa Belém Open, na passada semana, e na CT Porto Cup, este verão, o madrileno é já um habitué em torneios portugueses, tendo ganho o M25 de Idanha-a-Nova. Em Braga, contrariou o favoritismo do campeão com os parciais de 7-5 e 6-4, ao fim de 2.09 horas. Moro Cañas soube aproveitar os erros de serviço do nórdico, que assinou 12 duplas-faltas e sofreu seis breakpoints, quando o espanhol, que já figurou em 142.º, registou melhores índices na resposta (51%) e no serviço (55%).
“Foi uma partida muito excitante, o Elmer tem uma pancada fortíssima e é um jogador imprevisível, que nos obriga a estar atentos todo o tempo. Foi um encontro muito incómodo”, resumiu Moro Cañas, que marcou encontro com Mikrut, um adversário “que não conhece muito bem”, mas que sabe estar a jogar bem. Todavia, o espanhol lembrou que as coisas têm-lhe corrido bem em Portugal, mesmo sabendo que tem sempre coisas a melhorar. “Sinto-me em casa e quando estamos felizes num sítio também se joga melhor. É a minha primeira vez em Braga e, estando o hotel no centro da cidade, temos jantado em vários restaurantes e tem sido fantástica, dá para passear e essa felicidade tem trazido frutos”, enalteceu, sorridente.


A terminar a jornada nos singulares, Vilius Gaubas (142.º), o mais português dos quartofinalistas – campeão do Lisboa Belém Open no passado domingo que foi treinado por Pedro Pereira, no Algarve, durante seis anos – enfrentou renhida batalha com o argentino Marco Trungelliti, oitavo cabeça de série e 141.º mundial. O jovem lituano de 20 anos resistiu durante 2.49 horas em court e já o sol estava escondido no céu, quando celebrou com os parciais de 6-3, 3-6 e 7-5 a segunda final em outras tantas semanas.
“Sinto estranho oito vitórias consecutivasd e, ao mesmo tempo muito estranho, pois os últimos três encontros duraram quase três horas. Não foram fáceis, mas no final estou muito contente por ganhar cada um destas partidas. Super-feliz”, expressou Gaudas. “Jogámos grande nível de ténis, mas lutei até ao fim, tal como na passada semana, mesmo quando estava a perder, achei que teria sempre oportunidades. Fui fiel aos meus princípios”, vincou.
“Vou tentar descansar o mais que puder e comer bem, em Braga come-se sempre bem, e preparar-me mentalmente para a semifinal de amanhã”, resumiu. “É normal que as pessoas pensem em dois títulos consecutivos, seria fabuloso, especialmente em Portugal, mas agora tenho de concentrar-me na semifinal com o Kolar, um adversário muito perigoso*, declarou Gaubas, em busca do quarto troféu Challenger da carreira, terceiro desta temporada.
Fotos: Eudardo Oliveira/FPT