João Sousa imperial
Degrau a degrau, pulso a pulso, humilde quanto baste, João Sousa acrescentou mais um dado novo para a história do ténis português e a presença nos oitavos-de-final de Wimbledon afigura-se como um marco muito importante na sua carreira.
Acima de tudo porque é inédito termos um português numa fase tão adiantada de um Grand Slam, depois porque se trata de Wimbledon, do seu famoso court central e para juntar a tudo isto há que dizer que o seu adversário era Rafael Nadal, antigo número um mundial e vencedor do torneio em 2008 e 2010.
Mas para ter chegado a esta fase, João Sousa teve de percorrer um caminho duro, com encontros prolongados, alguns dos quais a 5 sets, começando por afastar o jovem inglês Paul Jubb, o croata Marin Cilic (nº 18 mundial) e outro britânico Daniel Evans.
E a verdade é que em 2019, o vimaranense ganhou mais encontros (3) no All England Club que na soma das suas cinco anteriores presenças em quadro principais, onde averbou duas vitórias em 2016 e chegou à 3ª terceira.
Temos um João Sousa no seu melhor, cada vez mais universal, adaptando-se bem a qualquer superfície e mais desenvolto nos grandes palcos, fruto naturalmente de uma maior experiência, mas – é inteiramente justo sublinhar – de uma firmeza competitiva, que o tem sempre acompanhado desde que a partir de 2013 passou a ter entrada direta em todos os torneios do Grand Slam.
Mais do que ninguém, João Sousa merecia ter este fantástico percurso. Não importa que seja aos 30 anos que esteja a saborear uma presença nos oitavos-de-final em Wimbledon.
Há seguramente mais, muito mais, para conquistar e com conta peso e medida, o pupilo de Frederico Marques sabe que nesta vida de tenista não há espaço para haver deslumbramentos.
Extremamente dedicado, profissional exemplar, João Sousa continua a fazer um percurso que, na realidade, ainda não se sabe bem onde irá acabar para bem do ténis português.
Norberto Santos, jornalista