Nuno Borges despediu-se nos quartos de final do Millennium Estoril Open pelo segundo ano consecutivo. Um dia após ter sido herói do dia e ter deixado nos registos deste ATP Challenger 175 a história do encontro mais longo do evento, o maiato lutou, todavia, o fulgor apresentado nas 3.18 horas de batalha da véspera não esteve presente.
Frente ao sérvio Miomir Kecmanovic, 47.º mundial, o maiato, 41.º da hierarquia ATP, entrou meio apático, deixando o adversário com quem perdeu em Delray Beach, em 2023, e ganhou no Masters 1000 do Canadá, o ano passado, entrar de rompante na partida.
A falta de consistência prolongou-se até Borges salvar dois match points no tie-break do segundo parcial e ganhar novo fôlego, fazendo acreditar que as reviravoltas que têm notabilizado o número um português podiam voltar a acontecer. Na verdade, Borges arrastou a decisão para um terceiro parcial, teve dois pontos de break no segundo jogo, não fechou e, com infortúnio, concedeu a quebra de serviço ao sérvio num crucial nono jogo, adiou mais um match point do tenista de Belgrado, mas os parciais de 0-6, 7-6 (7/5) e 4-6 acabaram com o sonho de um português campeão de singulares.


“Foi uma batalha do início ao fim, ele tê-la fechado no segundo set e ter ido para casa uma hora e meia antes, não foi o caso”, declarou Borges, referindo-se aos dois match points do segundo parcial. “Ele foi muito superior do início ao fim, eu consegui enrolá-lo, digamos, e dar um bocadinho de esperança. Ele também sentiu o momento e consegui agarrar-me a esse momento. Dei-me algumas hipóteses, mas acho que ele jogou melhor, serviu melhor, respondeu melhor, fui tentando aproveitar aquilo que conseguia, mas estive muito inconstante, muito só na luta com o coração e, depois, no fim não consegui assumir o encontro”, resumiu sem esconder a tristeza do semblante, após 2.14 horas em court.
Assumindo que esta esperança se deveu muito pelo adversário tê-lo “deixado entrar no jogo”, o tenista que integra a equipa de treino do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis, dá créditos a Kecmanovic. “Pude crescer, mas acho que tive de esperar um bocadinho por ele, porque realmente pela maneira que ele estava a jogar, não tinha hipóteses. Ainda me senti com energia para continuar a competir, aguentei-me ali até ao fim e acho que o fator físico acabou por não ser tão decisivo, como o nível dele”, reiterou Borges, que assinou 55 erros não forçados e 43 winners.
O Masters 1000 de Roma é o próximo destino de Borges, para onde viajou também Jaime Faria. “Vim aqui para ganhar o Estoril Open, não vim com o intuito de me preparar para Roma. Vou aproveitar algumas coisas aqui deste torneio para me dar confiança para Roma”, rematou, tentando destacar o lado positivo.
Fotos: Millennium Estoril Open