Os courts da Porte d’Auteuil, onde se situa o complexo de Roland Garros, não se fecharam na totalidade para Nuno Borges, que continua em prova no quadro de pares ao lado do francês Arthur Rinderknech. Todavia, nos singulares, prova na qual se tornou no primeiro português a ganhar a um top-10 em Grand Slam, chegou ao fim o trajeto do maiato de 28 anos, após uma maratona de calor e de nervos diante do australiano Alexei Popyrin, 25.º do ranking, a quem o número um nacional cedeu 4-6, 6-7 (11/13) e 6-7 (5-7).
Popyrin soube aproveitar alguma inconsistência inicial de Borges a servir e deixou o maiato em desvantagem de imediato. Feito o break, o australiano, a quem Nuno ganhara em 2023 no Challenger de Phoenix, depois de ter perdido em 2017 num future norte-americano, geriu a partida e selou o set em que o português cometeu dez erros não forçados, enquanto o australiano evidenciava segurança no serviço. Basta referir que assinou 13 ases, face aos cinco do maiato.
O segundo set foi decidido em guerra de nervos, com o Borges a renascer das cinzas entre breaks e contrabreaks para levar a decisão ao tie-break. Salvou cinco setpoints, não fechou os dois de que dispôs e, ao fim de 77 minutos de intensidade, foi o australiano a assinar o segundo set, não obstante o apoio das bancadas audíveis em bom português.

“Nuno, Nuno, Nuno” continuava a ecoar no court 14 quando Borges mais precisou. Assim salvou quatro pontos de break no oitavo jogo que, a serem consumados, deixariam o australiano a servir para fechar o encontro. Agressivo na troca de bolas, o jogador treinado no Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis igualou o set (4-4). A mostrar a verve de campeão, sem deixar que os nervos derretessem com a tensão e o calor que ia contrariando com toalhas geladas no pescoço, Borges salvou um match point antes de fazer o 5-5 no jogo de serviço.
Um erro de esquerda na rede negou-lhe o break point, mas não os nervos de aço que o premiaram com mais uma oportunidade de poder fazer break. Do outro lado estava igualmente um jogador com vontade de ganhar e, apesar dos match-points salvos pelo português no tie-break, ao fim de 3.01 horas foi Popyrin quem celebrou, após um serviço acima dos 205 km/h ao qual o português correu para responder, mas sem sucesso.
Este sábado, as bandeiras portuguesas voltam ao court 14 do complexo parisiense, desta feita para apoiar Henrique Rocha frente ao cazaque Bublik, em partida da terceira ronda desta caminhada histórica que começou no qualifying.
Fotos: FFT