Os cânticos ensurdecedores que vinham do court 6, onde Nuno Borges defrontava um jogador da casa, faziam-se ouvir no recinto em que Jaime Faria se estreava no quadro principal de Roland Garros. Com uns tímidos cartazes a apoiar Jenson Brooksby, norte-americano 161.º do ranking no qual já figurou em 33.º, Jaime Faria (115.º ATP) ainda ensaiou uma reviravolta, ganhando o segundo set, todavia ao fim de 2.19 horas, já noite dentro em Paris, os parciais de 1-6, 6-3, 3-6 e 2-6 ditaram o adeus do lisboeta de 21 anos da catedral da terra batida.

Embora mais certeiro na percentagem de primeiros serviços (66%) – uma das suas armas fortes como atestam a média de 193 km/h e o saque a 213 km/h que lhe saiu da raqueta – , Faria não as conseguiu materializar em pontos e foi o norte-americano a amealhar 47 pontos face aos 43 do número dois português.
Na resposta, com a tarimba de campeão de um ATP, como aconteceu este ano em Houston, Brooksby compensou as duas presenças anteriores sem passar no teste inicial em Roland Garros. Converteu cinco das nove oportunidades de quebrar o serviço a Jaime Faria que, ao invés, apenas selou um de nove breakpoints. Com 54 erros não forçados e 29 winners, contra os 31 pontos ganhantes do adversário que cometeu 29 erros diretos, chegou ao fim a participação de Jaime na quinzena parisiense.

Recorde-se que Faria estreou-se em quadros principais em majors no Open da Austrália, depois de uma notável travessia pelo qualifying. Somou a primeira vitória na prova maior e ainda nas vistas quando foi travado por Novak Djokovic, o campeão em título. Num início de temporada fulgurante, o jogador que integra o grupo de treino do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis – aliás, à semelhança de Nuno Borges e Henrique Rocha, os outros jogadores portugueses a competir nos singulares em Paris – tornou-se no oitavo tenista luso a entrar no top-100. Tem passado os últimos meses a contas com lesão no pé e, mais recentemente, no braço.
Fotos: FPT/Anastasia Barbosa