A palavra de ordem é só uma: acreditar. É este o enquadramento para o momento atual do nosso ténis feminino, que no terceiro trimestre deste ano vai voltar à ação numa série de torneios internacionais em Portugal, que contam com o apoio da Federação Portuguesa de Ténis.
Num ano chamado de transição, as alterações foram de alguma maneira significativas e o ajuste de posições no ranking, embora esperado, não facilitou a tarefa, mas ainda estamos numa fase que se pode considerar de conhecimento.
Exemplo claro disso é Francisca Jorge, que vai completar 19 anos no próximo dia 21 de abril. A bicampeã nacional ocupa o 651º lugar no ranking WTA e é uma das bandeiras do CAR Jamor Jogos Santa Casa, tal como Maria Inês Fonte (17 anos) e Leonor Oliveira (16 anos), estas sem classificação WTA.
A experiência recolhida ao longo de 2018 com estas três jogadoras permite a Neuza Silva, capitã da Seleção Nacional, afiançar que o nível médio subiu imenso. “Há um ano a situação era diferente e todas elas já assimilaram as ideias base que preconizamos no CAR Jamor”, sustentou a antiga campeã nacional, que em 2009 defrontou Serena Williams no campo central de Wimbledon, sendo ainda hoje a terceira portuguesa de sempre (133ª em 2009), a seguir a Michelle Brito (76ª em 2009) e Maria João Koehler (102ª em 2013).
“Temos de ver esta geração como uma aposta no futuro e os tempos são bastante diferentes quando eu era jogadora. Hoje conseguimos ter condições de treino e oferecer apoio às nossas jogadoras” , garantiu Neuza Silva, sabendo das dificuldades resultantes com a introdução das novas regras.
“Tento fazer ver às nossas jogadoras que isto é uma passagem na carreira. Ninguém joga os Grand Slams sem passar por esta fase” , defendeu a treinadora do CAR Jamor Jogos Santa Casa, que não gosta de traçar objetivos de posições no ranking mundial.
“Esta é a fase em que elas estão a adquirir maturidade e experiência e precisam de ganhar presença em campo. Só depois é que vem o pensamento no ranking”, referiu Neuza Silva, ciente que no CAR Jamor Jogos Santa Casa todas as jogadoras são um exemplo em termos de disciplina no treino.
Daí que este seja o ano de conhecimento perante as novas regras e a exposição ao circuito para quem ainda é júnior como é o caso de Maria Inês Fonte e Leonor Oliveira. “Estamos a construir a base” , defendeu Neuza Silva.
Norberto Santos, jornalista
João Sousa completa hoje 30 anos e a passagem deste aniversário representa a idade da maturidade e consolidação do melhor tenista português de sempre, que colocou em lugar de destaque o nome de Portugal por esse mundo fora.
Fruto da sua inegável ambição, o vimaranense foi ultrapassando barreiras, por vezes consideradas impensáveis, construindo uma bonita carreira que enche de orgulho os adeptos do ténis nacional.
Tem uma enorme legião de fãs e a sua sinceridade vai de encontro aquilo que ele nos habituou desde muito cedo nos treinos e na competição: é um guerreiro, que ganhou o estatuto de “Conquistador” , quando passou a somar vitórias atrás de vitórias, derrotando gente importante.
Esta efeméride não poderia passar despercebida e em analogia com os seus 30 anos fomos encontrar 30 factos que julgamos interessantes na carreira de João Sousa.
A nossa escolha:
1 – Início: João Pedro Coelho Marinho de Sousa começou a jogar ténis com 5 anos pela mão de seu pai, Armando Marinho Sousa.
2 – Clube: Clube de Ténis de Guimarães, onde seu pai jogava frequentemente torneios de veteranos, chegando a entrar em competições de inter-clubes.
3 – Treinadores: Luís Miguel Coutinho fez a formação de João Sousa, e depois seguiram-se Nuno Marques no Centro de Ténis da Maia, Pedro Cordeiro. Álvaro Margets, Francisco Roig e Frederico Marques.
4 – Títulos de campeão nacional: Sub-12 em 2001, no Estádio Nacional, e Nacional Absoluto, Taça Guilhermo Pinto Basto, em 2017, na Beloura Tennis Academy.
5 – Vitórias em torneios ATP (todos de categoria 250): 3. Millennium Estoril Open (2018), Valência (2015) e Kuala Lumpur (2013).
6 – Finalista em 7 ocasiões: Kitzbüel e Auckland (2017); St. Peterburgo, Umag e Genebra (2015); Metz e Bastad (2014).
7 – Melhor ranking de sempre em singulares: 28º, a 16 de maio de 2016.
8 – Melhor ranking de sempre em pares: 32º, a 28 de janeiro de 2019.
9 – Vitórias em torneios da categoria Challenger: 5, sendo o último em 2013, na sua terra natal, em Guimarães.
10 – Vitórias em torneios ITF: 7.
11 – Estreia no top 100 ATP: entrou para o 99º lugar em 15 de outubro de 2012.
12 – Permanência no top 100 mundial: figura nesta elite de forma consecutiva desde 15 de julho de 2013.
13 – Estreia na Taça Davis: aconteceu em 2008, na Foz, frente ao Chipre, quando a eliminatória já estava decidida. Contava então 19 anos.
14 – Número de eliminatórias na Taça Davis: 26. É o quarto jogador da Seleção Nacional com o maior número de presenças, a seguir a Cunha e Silva (30), Nuno Marques (27) e Rui Machado (27).
15 – Capitães: João Sousa conheceu três capitães na Taça Davis: Pedro Cordeiro, Nuno Marques e Rui Machado.
16 – Mérito: Representou Portugal nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, tanto em singulares como em pares, onde fez dupla com Gastão Elias.
17 – Mudança: com 15 anos decidiu mudar-se para Espanha. Inicialmente esteve na federação catalã durante um ano e depois foi para a Barcelona Total Tennis.
18 – Objetivos: Quando ainda estava no Centro de Treino da Maia, João Sousa escreveu com 14 anos, quais eram os seus objetivos: “Ser profissional de ténis, ser top 100 mundial, ser jogador agressivo do fundo do campo com pancadas sólidas com um serviço muito bom. Subir à rede sempre que houver oportunidade”.
19 – Deslocação: Inicialmente quando estava em Espanha, João Sousa residia em casa de uma família. Ia de bicicleta para uma estação de comboio, sendo que a viagem até à Academia.
20 – Contacto: Nessa fase inicial, João Sousa falava com a família, recorrendo a uma cabine telefónica. Levava no bolso as moedas para matar saudades…
21 – Mudança: a partir do final de 2013, João Sousa passou a ser representado pela empresa Polaris, ligada ao conhecido empresário Jorge Mendes.
22 – Adversários na elite: a vivência na alta roda no ténis mundial possibilitou-lhe defrontar vários jogadores do top 10, como Novak Djokovic, Roger Federer, Rafael Nadal, Andy Murray e Stan Wawrinka.
23 – Melhor vitória: Foi frente ao espanhol David Ferrer, então nº 4 mundial, no torneio de Kuala Lumpur na Malásia, nos quartos-de-final.
24 – Reconhecimento: Nos últimos 6 anos, João Sousa tornou-se numa das figuras mais mediáticas do desporto português.
25 – Patrocínios: Tem uma vasta gama de patrocínios, entre os quais, o banco Millennium BCP, a marca de equipamentos Lotto e Mike Davis (vestuário casual) e as raquetas Wilson.
26 – Euforia: Inesquecíveis os momentos vividos no regresso a Portugal, após a vitória em Kuala Lumpur, Malásia, em 2013. Um mar de gente esperava João Sousa no Aeroporto Francisco Sá Carneiro.
27 – Lágrimas: João Sousa não conseguiu esconder as lágrimas quando foi recebido no Salão Nobre da Câmara Municipal de Guimarães. Recebeu uma camisola do Vitória de Guimarães com o nº 51 (alusivo ao lugar que ocupava nessa semana no ranking ATP) e um cachecol único dizendo “O Conquistador”.
28 – Compromisso: Quando João Sousa foi para Espanha, o pai exigiu-lhe que continuasse a estudar. “Se chumbasse, fazia as malas”.
29 – No futebol: Até aos 15 anos, João Sousa dividia o ténis com o futebol, chegando a representar o Vitória de Guimarães e Os Sandinenses.
30 – Segredo: “Foi o gostar muito de ténis que o fez aguentar nesta vida”, disse uma vez o seu pai, Armando Marinho Sousa.
Norberto Santos, jornalista