Um ano memorável para o ténis português: a passagem dos 93 anos da Federação Portuguesa de Ténis ficou assinalada pela assinatura com o governo da gestão do complexo do Jamor, em maio João Sousa conquistou o Millennium Estoril Open e, agora, é a vez de Portugal fazer a sua afirmação a nível mundial ao ganhar a candidatura para ser realizada, em Lisboa, entre 24 e 27 de setembro de 2019, a Assembleia Geral Eleitoral da Federação Internacional de Ténis.
Trata-se, sem qualquer dúvida, de um marco histórico para a modalidade em Portugal e para o desporto nacional. É um desafio marcante a todos os níveis quando estamos a falar de uma representação oficial de cerca de 160 países com assuntos em agenda que serão decisivos para as próximas gerações.
Habituado a receber grandes competições mundiais, Portugal nunca tinha sido o epicentro de uma realização a este nível e, por essa razão, vai apresentar-se ao Mundo confiante que poderá receber no futuro outros importantes eventos.
A Assembleia Geral Eleitoral em Lisboa poderá significar, por outro lado, a reafirmação da política encetada pelo presidente norte-americano David Haggerty, quando foi eleito em Santiago do Chile em 2015, contando com o apoio da atual direção federativa liderada por Vasco Costa.
Até agora, Haggerty tem sabido gerir muito bem os problemas e não tem havido vozes discordantes, sinal evidente que poderá caminhar para um segundo mandato e ver a sua posição reforçada quando for a votos em Portugal.
Lista dos últimos presidentes da ITF:
1977-1991: Philippe Chatrier, França (14 anos)
1991-1999: Brian Tobin, Austrália (8 anos)
1999-2015: Francesco Ricci Bitti, Itália (16 anos)
2015-?: David Haggerty, EUA
Na linha da frente
Por outro lado e bastante significativo é o facto de o nosso país estar na linha da frente em outros eventos da Federação Internacional, como é o caso de duas situações em 2019: a poule de qualificação europeia para o Mundial em Cadeira de Rodas, em abril, e depois, em agosto, o Mundial de Veteranos (nos escalões de +50/+55 e +60 anos).
Qualquer destas realizações acarreta um enorme prestígio desportivo e responsabilidade, além de dar a conhecer o excelente nível das nossas realizações, mesmo quando estas trazem mais de meio milhar de pessoas.
Norberto Santos, jornalista
Simplesmente fantástico o percurso de João Sousa no US Open, onde deu mostras da sua capacidade tenística, garra e atributos técnicos que culminou com mais um registo histórico nos oitavos-de-final, no qual defrontou Novak Djokovic.
Quando se trata de defrontar a elite mundial, o português potencia as suas qualidades, conseguindo quebrar barreiras históricas. Há muito tempo que perseguia a meta de chegar aos oitavos-de-final de um Grand Slam e, aos 29 anos, ei-lo num patamar de eleição.
Por termos um João Sousa histórico, este texto também foi feito com base num contexto histórico.
Aqui ficam então as 10 curiosidades em redor de João Sousa em torneios do Grand Slam:
1 – 20 VITÓRIAS PARA O “CONQUISTADOR”
É verdade. João Sousa já vai na 20ª vitória em ‘majors’ em quadros principais. Neste Open dos Estados Unidos somou 3.
2 – MELHORES TRIUNFOS
O vimaranense regista 6 triunfos de eleição frente a jogadores do top 50 mundial e as melhores vitórias foram obtidas este ano frente ao espanhol Pablo Carreño Busta (12º) e ao francês Lucas Pouille (17º). Outras boas vitórias de João Sousa:
2013 – US Open, bateu Grigor Dimitrov (29º)
- US Open, bateu Jarkko Nieminen (41º)
2015 – Open da Austrália, bateu Martin Klizan (34º)
2016 – US Open, bateu Feliciano Lopez (18º)
3 – DUELOS COM ‘TOP 10’
Já são mais de uma dezena, depois do último confronto com Novak Djokovic. João Sousa tem registados 11 duelos com jogadores do top 10 mundial.
Vamos então à contabilidade:
Open da Austrália (2013): Andy Murray, 3º ATP
US Open (2013): Novak Djokovic, 1º
Roland Garros (2014): Novak Djokovic, 2º
Wimbledon (2014): Stan Wawrinka, 3º
Open da Austrália (2015): Andy Murray, 6º
Roland Garros (2015): Andy Murray, 3º
Wimbledon (2015): Stan Wawrinka, 4º
Open da Austrália (2016): Andy Murray, 2º
Roland Garros (2017): Novak Djokovic, 2º
Open da Austrália (2018): Marin Cilic, 6º
US Open (2018): Novak Djokovic, 6º
4 – PRESENÇAS EM QUADROS PRINCIPAIS
Contabilizou em Nova Iorque, a 24ª presença em ‘majors’, sendo aquela em foi mais longe na carreira (oitavos-de-final).
5 – REGISTO EM QUALIFICAÇÕES
João Sousa tinha 21 anos quando fez a sua estreia na fase de qualificação do seu primeiro Grand Slam. Foi no Open da Austrália, em 2011, quando perdeu para o francês Josselin Ouanna. O português era então o nº 243º mundial.
6 – EMANCIPAÇÃO
Durante 3 anos (entre 2011 e 2013), o vimaranense participou em fases de qualificação, sendo que em 2013 isso aconteceu por uma única vez em Wimbledon. A partir daí e com 24 anos entrou sempre nos quadros principais.
7 – ESTREIA COMO TOP 100
A estreia de João Sousa como membro do top 100 mundial deu-se no US Open em 2013. Entrou como 95º mundial e para surpresa de muitos chegou à 3ª ronda com duas excelentes vitórias frente a Grigor Dimitrov (29º) e Jarkko Nieminen (41º), perdendo a seguir para o nº 1 mundial, Novak Djokovic.
8 – JOGO MAIS LONGO
O encontro mais longo de João Sousa em ‘majors’ aconteceu frente ao francês Lucas Pouille no US Open de 2018. Durou 3 horas e 38 minutos, superando em 6 minutos o registo de uma outra maratona no US Open em 2014, quando bateu o canadiano Frank Dancevic (135º mundial) na 1ª ronda, ao fim de 3 horas e 32 minutos.
9 – MELHOR RANKING
João Sousa entrou em Roland Garros em 2016 com o seu melhor ranking de sempre em ‘majors’ ao figurar na 29ª posição, pouco dias depois de ter obtido a sua melhor classificação de sempre ATP com um 28º lugar, a 16 de maio de 2016.
10 – EQUIPA TÉCNICA
Ao longo dos últimos 8 anos em que tem pisado os grandes palcos mundiais, João Sousa nunca prescindiu de ter a seu lado o técnico português Frederico Marques. Não é muito comum um jogador ter a seu lado um treinador durante tantos anos consecutivos.
Muitos parabéns a ambos por tudo o que têm feito pelo ténis português.
Norberto Santos, jornalista