Novak Djokovic: a saga continua


Há os chamados “Big Three” e…os outros. A recente final de Wimbledon confirmou a verdade dos factos: a diferença de nível de Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer para a concorrência e demasiado evidente. E nem a idade e o passar dos anos destes jogadores tende a dar sinais de perda de vitalidade ao mais alto nível.

Naquela que foi considerada uma das melhores finais de sempre em Wimbledon, Djokovic e Federer demonstraram uma elevada intensidade de jogo. Fizeram pontos maravilhosos, surpreendentes, levaram o público a suster a respiração a querer dizer que dificilmente o espetáculo poderia ser melhor.

O triunfo de Djokovic ao fim de 4 horas e 57 minutos na final mais longa da história do torneio expressa a dificuldade em derrotar aquele que pode ser considerado o melhor jogador de sempre, Roger Federer, que até dispôs de dois pontos para fechar o encontro.

Mas o ténis é assim mesmo. Desta vez foi na relva, como há menos de um mês foi em Roland Garros ou no início do ano no Open da Austrália. Cada torneio tem a sua história, mas os intérpretes são os mesmos. E a sua valia nem sequer pode estar em causa.

O que tem acontecido nos últimos anos é que os chamados “Big Three” melhoraram a qualidade de jogo, aperfeiçoaram pancadas, elevaram os índices físicos e de recuperação permitindo ter outros argumentos. Ou seja passaram a estar munidos ainda de mais ‘armas’ para tão cedo não serem surpreendidos e manterem-se no topo do ranking.

Até quando isso acontecerá? Enquanto cada um tiver o sonho de ser melhor que outro. Federer tem 20 títulos do Grand Slam, Rafael Nadal 18 e Novak Djokovic passou agora a deter 16. Não é nenhum segredo que o sérvio quer aproximar-se ou até destronar o suíço. E o mesmo acontece com o espanhol.

Enquanto sentirem que estão na frente da luta não há motivos para desanimar. Só com a conquista de novos objetivos é que há ambição.

 

Norberto Santos, jornalista

 

João Sousa imperial


Degrau a degrau, pulso a pulso, humilde quanto baste, João Sousa acrescentou mais um dado novo para a história do ténis português e a presença nos oitavos-de-final de Wimbledon afigura-se como um marco muito importante na sua carreira.

Acima de tudo porque é inédito termos um português numa fase tão adiantada de um Grand Slam, depois porque se trata de Wimbledon, do seu famoso court central e para juntar a tudo isto há que dizer que o seu adversário era Rafael Nadal, antigo número um mundial e vencedor do torneio em 2008 e 2010.

Mas para ter chegado a esta fase, João Sousa teve de percorrer um caminho duro, com encontros prolongados, alguns dos quais a 5 sets, começando por afastar o jovem inglês Paul Jubb, o croata Marin Cilic (nº 18 mundial) e outro britânico Daniel Evans.

E a verdade é que em 2019, o vimaranense ganhou mais encontros (3) no All England Club que na soma das suas cinco anteriores presenças em quadro principais, onde averbou duas vitórias em 2016 e chegou à 3ª terceira.

Temos um João Sousa no seu melhor, cada vez mais universal, adaptando-se bem a qualquer superfície e mais desenvolto nos grandes palcos, fruto naturalmente de uma maior experiência, mas – é inteiramente justo sublinhar – de uma firmeza competitiva, que o tem sempre acompanhado desde que a partir de 2013 passou a ter entrada direta em todos os torneios do Grand Slam.

Mais do que ninguém, João Sousa merecia ter este fantástico percurso. Não importa que seja aos 30 anos que esteja a saborear uma presença nos oitavos-de-final em Wimbledon.

Há seguramente mais, muito mais, para conquistar e com conta peso e medida, o pupilo de Frederico Marques sabe que nesta vida de tenista não há espaço para haver deslumbramentos.

Extremamente dedicado, profissional exemplar, João Sousa continua a fazer um percurso que, na realidade, ainda não se sabe bem onde irá acabar para bem do ténis português.

 

Norberto Santos, jornalista

 

Consolidação de Francisca Jorge no Tennis Club da Figueira da Foz


A persistente presença nos torneios internacionais que estão a decorrer em Portugal permitiu a Francisca Jorge atingir um grau de maturidade que lhe possibilitou a conquista do maior título da carreira na variante de pares no Tennis Club da Figueira da Foz.

A bicampeã nacional de singulares, de 19 anos, ganhou a variante de pares ao lado da espanhola Olga Parres Azcoitia, num clube que está a comemorar a passagem do 102º aniversário.

Se para Francisca Jorge é importante este troféu, também não é menos importante o que representa para a sua evolução. Apresenta esta semana o seu melhor ranking na lista WTA em pares (531º lugar) e ao ter chegado à 2ª ronda em singulares foi a sua melhor classificação, dado que o Internacional Ladies Open da Figueira da Foz oferece 25 mil dólares em prémios mais hospitalidade, contando com um quadro de jogadoras bem interessante.

Naquele que até agora pode ser considerado o torneio feminino mais importante do ano (falta agora oficializar as provas do segundo semestre), a prova da Figueira da Foz voltou a merecer rasgados elogios dos participantes .

“Estamos a atravessar a fase de consolidação da única prova internacional que temos no calendário. E foi graças ao esforço da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Região de Turismo do Centro, Federação Portuguesa de Ténis e a um conjunto de patrocinadores muito ligados ao clube que temos conseguido manter a fasquia elevada com bons padrões organizativos”, disse-nos Joana Aguiar de Carvalho, presidente do clube desde 2016.

O centenário Tennis Club da Figueira da Foz, criado em 1917, tem cerca de 400 sócios e recebe ao longo do ano outras provas do calendário federativo, como torneios de veteranos e competições de sub 14 e sub 16.

Mas há um evento que os figueirenses não dispensam: o torneio aniversário aberto a todos os jogadores e famílias e que se disputa à noite. “Há muitos anos que é uma tradição neste clube e muitas pessoas vêm à Figueira só para viver este fantástico ambiente”, conta a vice-presidente Margarida Viana, salientando a boa vontade de antigos jogadores nascidos na Figueira e que por ocasião do Internacional Ladies Open querem ajudar nessa semana a organização. “Uns até são motoristas e parceiros de treino de jogadoras”, comenta Margarida Viana.

A tradição estende-se às escolas de formação, onde pontifica uma figura carismática do clube, Mário Jorge Albuquerque, professor há quase 30 anos. A direção técnica das escolas pertence a Pedro Nunes, que não esconde que nesta fase o objetivo passa pela consolidação: “Queremos que os sócios se sintam bem, investimos na melhoria das instalações, os sócios têm a sua sala, ginásio e sala de jogos e um bom restaurante. Mas como na Figueira da Foz não temos faculdades, os mais novos vão-se desligando para regressarem depois no Verão. Manter o que temos e garantir preços acessíveis de adesão (60 euros anuais para sócio) é algo que representa um forte desafio”, referiu Pedro Nunes.

E é, por isso, que o Tennis Club da Figueira da Foz mantém aquele charme com mais de 100 anos ao serviço do desporto, turismo e elegância, conforme consta do livro editado em 2017 por ocasião dos 100 anos do clube.

 

Norberto Santos, jornalista

 

E Nadal vai levantar o 13º troféu em Paris?


Esta é, sem dúvida, a pergunta do momento, mas cuja resposta vai demorar um ano. Não se sabe bem ao certo o que se irá passar nos próximos doze meses, se Rafael Nadal continuará a apresentar-se em condições físicas de defender a vitória em Paris, mas tudo aponta para uma sequência lógica – a seguir ao 12 vem o 13, o tal número que se for levado à letra por quem é supersticioso pode travar a série vitoriosa do espanhol.

O que Rafael Nadal conseguiu em Roland Garros não foi apenas mais um título. Foi o 12º numa carreira sem precedentes na história do torneio (93 vitórias contra 2 derrotas), dizimando adversários e mostrando uma vitalidade e um espírito de competição como há muito não se via.

É perfeitamente natural e compreensível o orgulho do rei da terra batida no seu palco preferido, sendo que Nadal tornou-se no primeiro na história de Roland Garros a ganhar no antigo estádio Philippe Chatrier e agora no renovado complexo.

Há qualquer coisa que liga Nadal à história do ténis e que vai muito para além dos números, estatísticas e análises técnicas. Estamos a falar do seu rigor, profissionalismo, respeito pelos adversários e uma humildade muito própria, diria mesmo invulgar nestes tempos modernos em que os mais novos se julgam campeões por ganharem uns jogos e muito dinheiro.

Nadal é um jogador emocionalmente estável, que sabe reconhecer quanto está mal e isso permite-lhe avaliar a sua condição. “Nunca me canso de sofrer a nível técnico porque faço-o com paixão” , disse o espanhol, de 33 anos, após a vitória em Roland Garros.

Esta genuína declaração ajuda a compreender melhor a estrutura mental de Rafael Nadal, que soube aceitar uma série de derrotas até ganhar em Roma o primeiro torneio em terra batida este ano.

Em Paris deu-se o reencontro com a felicidade. E agora é partir à conquista da 13ª Taça dos Mosqueteiros para se continuar a fazer história.

Jogadores com mais títulos do Grand Slam:

20 – Roger Federer, Suíça

18 – Rafael Nadal, Espanha

15 – Novak Djokovic, Sérvia

14 – Pete Sampras, EUA

12 – Roy Emerson, Austrália

11 – Rod Laver, Austrália e Bjorn Borg, Suécia

10 – Bill Tilden, EUA

 

Norberto Santos, jornalista

 

Pormenores que contam


No meio de tanta azáfama, os mais pequenos dão sempre nas vistas e a experiência é enriquecedora. Estamos a falar da Vanguard Stars, um torneio destinado aos mais novos (10 e 11 anos), que decorreu a par do Challenger Lisboa Belém Open, no CIF, Ajuda, e que contou com o apoio da Federação Portuguesa de Ténis, Câmara Municipal de Lisboa e Junta de Freguesia de Belém.

A visita do secretário de Estado do Desporto e Juventude, João Paulo Rebelo, foi mais um sinal evidente do interesse de quão é importante a realização deste tipo de iniciativas para os mais jovens. São dezenas e dezenas de miúdos que vivem momentos de felicidade ao lado de campeões e de outros nomes consagrados da modalidade.

Depois do Millennium Estoril Open e do Challenger de Braga, Portugal viveu três semanas consecutivas de pura competição, que culminaram no Challenger de Lisboa, o mais antigo e que vai na terceira edição. É a consistência deste tipo de eventos, todos eles de inegável qualidade organizativa, à qual a Federação Portuguesa de Ténis, está associada desde a primeira hora que permitem, passo a passo, acreditar num futuro melhor.

Por outro lado, e numa altura em que a entidade federativa está a trabalhar no projeto de renovação do complexo do Jamor esta ligação à base faz despertar o entusiasmo para um dia mais tarde uma boa percentagem destes jogadores poder encarar a competição.

Se João Sousa é de longa a figura mais carismática, o ténis nacional apresenta outros nomes como Pedro Sousa, João Domingues, Gastão Elias, Frederico Silva, Gonçalo Oliveira e Tiago Cação que dão sustento e vida a este tipo de torneios da categoria Challenger.

A garantia de continuidade do Challenger de Braga e de Lisboa é a confirmação de uma aposta que tem o carimbo de qualidade e que coloca Portugal num patamar de referência na órbita da Federação Internacional de Ténis.

São estes pequenos pormenores que contam quando Portugal concorre a grandes eventos internacionais e o orgulho é enorme quando somos o país anfitrião de acontecimentos históricos, como é o caso da Assembleia Geral Eleitoral da Federação Internacional, em setembro, em Lisboa.

 

Norberto Santos, jornalista

 

Aí está João Domingues


Há dois anos que é assim no Challenger de Braga: os vencedores são portugueses e João Domingues sucedeu no último domingo a Pedro Sousa no historial da competição, que se traduziu num enorme sucesso para a organização.

Quem investiu no torneio, Câmara Municipal de Braga, Clube de Ténis de Braga e Federação Portuguesa de Ténis, ficou com uma certeza: este Challenger é mesmo uma prova talismã para os nossos jogadores.

João Domingues, de 25 anos, que já tinha feito um percurso notável no Millennium Estoril Open ao chegar aos quartos-de-final, depois de passar pela fase de qualificação, manteve o bom ritmo e foi destemido e esclarecido no seu desempenho em Braga, garantindo o segundo título na carreira em Challengers, depois da vitória em Mestre, Itália, em maio de 2017.

A acompanhar esta vitória, João Domingues teve a devida recompensa com a subida ao seu melhor ranking de sempre, o 163º lugar ATP, superando a 166ª posição. Trata-se, sem dúvida, de um passo importante para quem fez um percurso meritório nas últimas semanas, dando indicações precisas que ainda pode subir muitos lugares na hierarquia mundial.

A distância que separa João Domingues para a entrada no top 100 mundial não é nenhuma miragem e o jogador de Oliveira de Azeméis tem atributos técnicos para encurtar essa distância e juntar-se aos seus colegas da Taça Davis nesse estatuto.

Por outro lado, é interessante observar que João Domingues se situa, aos 25 anos, num patamar de forte concorrência, significando isto que entre o 101º e o 163º lugar na lista ATP a faixa de idade dos 23 aos 26 anos é aquela que tem o maior número de jogadores.

Num estudo baseado no ranking desta semana vejamos as idades dos diretos adversários de João Domingues entre o 101º e o 163º lugar ATP:

37 anos: 2 jogadores

36 anos: nenhum

35 anos: 1

34 anos: nenhum

33 anos: 6

32 anos: 2

31 anos: 2

30 anos: 3

29 anos: 5

28 anos: 1

27 anos: 4

26 anos: 6

25 anos: 7

24 anos: 3

23 anos: 8

22 anos: 3

21 anos: 3

20 anos: 3

19 anos: 2

18 anos: 1

Neste particular, os próximos meses serão decisivos para a afirmação de João Domingues, que poderá tornar-se no oitavo português a disputar o quadro principal de um Grand Slam.

 

Norberto Santos, jornalista

 

As palavras chave de Tsitsipas


Há momentos inesquecíveis na carreira de um desportista e aquele que o grego Stefano Tsitsipas viveu no Clube de Ténis do Estoril é um deles ao tornar-se, aos 20 anos, no mais jovem vencedor em cinco anos do Millennium Estoril Open.

Apontado como grande favorito, Tsitsipas deu uma imagem de um jogador maduro, calculista, e que está a fazer o seu percurso na elite, sabendo que ainda tem de dar muitos passos importantes para ombrear ao lado de adversários por quem tem uma enorme admiração desde muito jovem.

Nestas situações, a forma genuína de expressar os sentimentos acaba por ser o melhor exemplo e o grego foi bastante feliz e sucinto ao explicar a base do sucesso perante o público português: “esforço, dedicação e concentração” .

A conjugação destas três palavras acompanharam o helénico, que há três anos venceu um ITF em Oliveira de Azeméis, antes de se tornar campeão júnior em Roland Garros. Tendo sempre presente as dificuldades em que foi cimentando a sua carreira, sem contar com muitos apoios, Tsitsipas manteve-se fiel aos seus princípios e tem agora abertas as portas para se tornar numa grande estrela.

O apoio dos pais e o enquadramento técnico numa academia em França, perto de Nice, são o alicerce para o vencedor do Millennium Estoril Open virar por completo uma página no ténis na Grécia.

É ainda muito jovem, tem muita coisa para aprender, mas a visão que tem do jogo e, principalmente, da vida ajudam-no a ter a missão mais facilitada.

O nível de jogo apresentado por Stefano Tsitsipas em 2018 no Millennium Estoril Open, quando perdeu com João Sousa nas meias-finais, pouco tem a ver com aquele que se viu ao longo da edição de 2019.

A partir de agora é ajustar o seu jogo à terra batida, aperfeiçoar algumas pancadas e manter-se tranquilo e exigente, levando consigo Portugal no coração.

 

Norberto Santos, jornalista

 

Juventude irrequieta no Estoril Open


Os nomes do cartaz alusivo à quinta edição do Millennium Estoril Open (de 27 de abril a 5 de maio) diz tudo ou quase tudo em poucas palavras: campeão (João Sousa), talento (Stefanos Tsitsipas), fabuloso (Fabio Fognini) e espetáculo (Gael Monfils).

Estes são os principais artistas de um cartaz que é considerado o melhor de sempre, mesmo que tenha sido anunciada a desistência do primeiro cabeça-de-série, o sul-africano Kevin Anderson, nº 6 mundial, que vai falhar toda a temporada de terra batida.

Este ano, a novidade prende-se com o estatuto de João Sousa, o melhor tenista português de sempre (28º mundial em 2016), que pela primeira vez defende um título em solo nacional, no Clube de Ténis do Estoril.

É inegável a enorme pressão a que o vimaranense, de 30 anos, está sujeito, mas a enorme experiência que leva no circuito ao mais alto nível permite que o atual nº 50 mundial possa fazer um percurso interessante no torneio. Esta edição apresenta um naipe de jogadores mais consistentes e com um nível mais aproximado e suscita uma interrogação: a vitória vai para um jovem ou para um veterano?

O grego Stefano Tsitsipas (20 anos), o australiano Alex de Minaur (20) e o norte-americano Frances Tilafoe (21) são os tenistas da nova geração, mas há que contar com o italiano Fabio Fognini (31 anos), recente vencedor em Monte Carlo, o francês Gael Monfils (32 anos) e com o campeão em título João Sousa (30 anos).

Se alguém com 24 anos ou menos ganhar esta edição do Millennium Estoril Open será uma novidade, pois os vencedores do torneio quando receberam o troféu tinham mais de 25 anos. Eis a lista:

2015: Richard Gasquet, França, 28 anos

2016: Nicolas Almagro, Espanha, 30 anos

2017: Pablo Carreño Busta, Espanha, 25 anos

2018: João Sousa, Portugal, 29 anos

 

Norberto Santos, jornalista

 

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