João Sousa despediu-se dos seus 28 anos, cumprindo hoje o 29º aniversário, com uma presença histórica no Masters 1.000 de Miami (EUA), onde mostrou ter capacidade para sonhar com altos voos, voltando a fazer parte do top 70 mundial Ao ter conseguido a quarta vitória frente a jogadores do top 10 mundial, afastando o belga David Goffin, o vimaranense desfrutou das boas sensações, dando sentido às mudanças técnicas que paulatinamente tem vindo a operar no seu modelo de jogo, juntamente com o seu treinador Frederico Marques.
Ao cumprir 29 anos, João Sousa está naquela fase adulta em que a experiência e maturidade o podem ajudar a manter níveis elevados até ao fim da carreira, depois de ter sido o 28º mundial em 2016.
Longe vão os tempos em que o melhor tenista português de sempre entrou, pela primeira vez, no top 100 mundial. Isso aconteceu a 15 de outubro de 2012, ao ocupar o 99º lugar na lista ATP, subindo três posições em relação à última classificação.
Ao fazer parte do clube centenário, Sousa passou a fazer parte da elite, consolidando uma posição muito respeitável, conquistando o respeito e admiração dos seus adversários.
Marcos na carreira
1 – Vitória em Kuala Lumpur
Não tardou muito a surpreender e em menos de um ano, depois do ingresso no top 100, Sousa tinha arrecadado o primeiro troféu da carreira em Kuala Lumpur, na Malásia. Era o nº 77 do mundo e na semana seguinte subiu ao 51º lugar, tendo no seu percurso derrotado 3 jogadores do top 35. O triunfo frente ao espanhol David Ferrer, então nº 4 mundial, é, ainda hoje, a sua melhor vitória da carreira. Bateu na final o francês Julien Benneteau (nº 36).
2 – Triunfo em Valência
Volvidos dois anos, João Sousa voltou às vitórias, encerrando a temporada com chave de ouro em Valência, Espanha. Foi a primeira vez que o vimaranense superou sucessivamente cinco adversários com melhor ranking, afastando nomes credenciados como Gilles Muller, Benoit Paire e Pablo Cuevas. Era o nº 46 mundial e o excelente momento de confiança que atravessava permitiu-lhe derrotar na final o espanhol Roberto Bautista Agut (24º). Sousa terminaria a época em 33º lugar, a melhor posição com que encerrou uma temporada.
3 – Maturidade
Num circuito em plena mutação, João Sousa também passou por alguns problemas de adaptação e teve de saber adaptar-se à recuperação de lesões, algumas delas demoradas, e a derrotas que lhe afetaram a confiança. Tudo isso faz parte da carreira de um jogador e exemplos não faltam ao mais alto nível. As derrotas abalam – e de que maneira – os padrões de jogo.
Mas João Sousa nunca perdeu as suas qualidades de eleição. A energia e combatividade tornaram-no num autêntico ‘guerreiro’ e numa ameaça para os adversários. Ao mínimo descuido, aí está João Sousa a dar-nos grandes alegrias como sucedeu nos últimos dias em Indian Wells e Miami.
E esta série de triunfos surge numa boa altura quando estamos a poucos dias da eliminatória com a Suécia para a Taça Davis, Portugal promete fazer história.
Muitos parabéns João Sousa
Norberto Santos, jornalista
Calendário com 42 semanas de competição
O ténis português vai ter ao longo de 2018 o maior número de semanas de competição internacional no escalão sénior de que há memória. Ao todo, serão 42 semanas, faltando apenas 10 para se poder dizer que o ano civil estaria completo.
Trata-se do projeto mais arrojado de sempre e que está devidamente sustentado pela política encetada pela Federação Portuguesa de Ténis em apoiar as entidades promotores de eventos.
Este enquadramento permite criar outras plataformas de apoio a nível local, nomeadamente autárquico, com um feliz retorno em termos de turismo e economia local, garantindo a possibilidade de os jogadores portugueses ganharem pontos ATP sem terem necessidade de se deslocarem para o estrangeiro com tanta frequência.
João Monteiro, campeão nacional em 2016 e atleta do CAR Jamor, é um exemplo: “O ano passado conquistei 80 por cento dos meus pontos em Portugal. É muito mais vantajoso para nós porque conhecemos bem as condições de jogo, as características da bola e escolhemos a nossa alimentação preferida. Tudo isto junto representa muita coisa ao fim de muitas semanas de competição”, disse-nos João Monteiro, de 24 anos, que em 2017 ascendeu 339 lugares na lista ATP. Iniciou o ano na 590.ª posição e terminou no 251.º posto.
Os seis títulos conquistados em 2017, quatro dos quais em Portugal (os outros foram em Espanha e Tunísia) permitiram a João Monteiro subir um patamar e agora vai fazer a sua estreia em 2018 em torneios Challenger, iniciando a temporada dentro de duas semanas em Punta del Este, Uruguai, juntamente com Pedro Sousa, outro atleta do CAR Jamor.
Novidade: dois challengers seguidos
O quadro competitivo estende-se de Norte a Sul de Portugal, como tem sido hábito, mas esta temporada existe uma agradável novidade: a realização de dois torneios da categoria Challenger, em Braga (CT Braga), e em Lisboa (CIF, este na segunda edição), logo a seguir ao Millennium Estoril Open (28 de abril a 6 de maio), no Clube de Ténis do Estoril.
São três semanas consecutivas de ténis de elite, onde o público tem ocasião de observar os nossos melhores jogadores e vislumbrar quem no futuro possa fazer parte deste grupo de eleição.
O calendário internacional tem início na próxima semana com o habitual circuito de torneios da categoria ITF no Algarve, este ano com a novidade da estreia de uma prova na Quinta do Lago.
Calendário das 5 primeiras semanas de torneios ITF em 2018:
19 a 25 de fevereiro: Vale do Lobo
26 fevereiro a 4 de março: Faro
5 a 11 de março: Loulé
12 a 18 de março: Quinta do Lago
19 a 25 de março: Vilamoura
No total (provas inscritas):
Torneios ITF masculinos: 19
Torneios ITF femininos: 20
Challengers: 2 (Braga e Lisboa)
ATP Tour: 1 (Millennium Estoril Open)
Norberto Santos, jornalista