Entre lesões, paragens e a passagem de mais um aniversário, Rafael Nadal deixou bem vincada a sua supremacia na terra batida conseguindo, desta feita, feitos que se traduzem em novos desafios para a conquista do 12º título em Roland Garros em 2019.
É por demais evidente e consensual que o espanhol seja considerado o rei da terra batida, tais são os seus recursos técnicos no pó de tijolo. Mas, aos 32 anos, Nadal apresentou uma nova versão, mais moldada e aperfeiçoada aos chamados tempos modernos.
O conceito é o mesmo, mas aqui e ali, o líder mundial é bem mais agressivo. Encurtar os pontos quando é necessário também faz parte da versão atual do esquerdino de Manacor, não se remetendo a tentar ganhar os pontos em duelos intermináveis no fundo do campo.
Roger Federer e Rafael Nadal continuam no topo porque sabem agregar novos elementos ao seu jogo. Têm essa capacidade de absorver ideias e isso faz deles algo de muito diferente em confronto com a nova geração. Tanto o suíço como o espanhol continuam a vislumbrar novas etapas e a aperfeiçoar os tais pequenos detalhes, trabalhando pormenores de recuperação física e de alimentação com a mesma vontade com que se iniciaram no profissionalismo.
O que Nadal conseguiu em Paris é algo extraordinário e que nenhum jogador na Era Open (início em 1968) tinha sonhado ser possível de concretizar: 11 títulos, praticamente o dobro do sueco Bjorn Borg, que venceu o sexto campeonato em Roland Garros em 1981.
Nadal leva 14 presenças nos Internacionais de França e só por duas vezes foi derrotado: em, 2009 para o sueco Robin Soderling e em 2015 para Novak Djokovic, o que se traduz numa soma de 82 vitórias contra 2 derrotas.
Ao conquistar o coração dos franceses, Nadal lançou o maior desafio a si próprio: onde é que ele irá festejar o próximo título do Grand Slam para se aproximar das 20 vitórias de Roger Federer?
Esta é a grande incógnita, mas não ficaríamos admirados se por esta altura e daqui a um ano, Nadal voltasse a chorar com a Taça dos Mosqueteiros a seu lado.
O ténis tem esta beleza: os campeões não têm limites.
Jogadores com mais títulos do Grand Slam:
1º Roger Federer, Suíça, 20
2º Rafael Nadal, Espanha, 17
3º Pete Sampras, EUA, 14
4º Roy Emerson, Austrália, 12
5º Novak Djokovic, Sérvcia, 12
6º Rod laver, Austrália, 11
7º Bjorn Borg, Suécia, 11
8º Bill Tilden, EUA, 10
Jogadores com mais títulos no mesmo torneio:
1º Rafael Nadal, Roland Garros, 11
2º Rafael Nadal, Monte Carlo, 11
3º Rafael Nadal, Barcelona, 11
4º Roger Federer, Halle, 9
5º Roger Federer, Wimbledon, 8
6º Guillermo Vilas, Argentina, 7
Norberto Santos, jornalista
Há razões mais do que suficientes para afirmar que o ténis português está a passar por uma fase de profunda alteração estrutural, rompendo com uma mudança de hábitos, sendo esta, na realidade, uma nova era.
Antes do início de Roland Garros e num balanço aos últimos resultados nesta temporada importa salientar o mérito de muitos agentes, desde jogadores, treinadores, organizadores de eventos e direção federativa.
Portugal tem vindo a cimentar uma posição respeitável tanto nas assembleias da Federação Internacional de Ténis como no ATP World Tour, em grande parte devido à elevada qualidade dos padrões de qualidade dos seus eventos.
O esforço que tem sido feito nesse sentido tem cativado muitos interesses e proporcionado uma feliz simbiose em termos de retorno e de patrocínios, devidamente conjugada com a obtenção de resultados.
As últimas três semanas são uma prova disso mesmo através do Millennium Estoril Open (vitória de João Sousa), Braga Open (triunfo de Pedro Sousa) e Lisboa Belém Open (com Pedro Sousa a chegar às meias-finais).
Esta onda de verdadeiro entusiasmo contagiou adeptos e agora resta esperar mais um ano para uma nova edição. A realização de dois torneios Challenger foi a moldura perfeita para enquadrar a vitória de João Sousa no Estoril e mostrar que estas competições são indispensáveis ao progresso do ténis nacional, a par dos Futures que fazem parte do processo de formação dos nossos jogadores no alto rendimento.
Entre a vitória de João Sousa em Guimarães, em 2013, e a de Pedro Sousa em Braga, em 2018, há um intervalo de cinco anos, tempo suficiente para se balizar as diferenças e de analisar a evolução.
Vejamos então uma comparação dos rankings, a seguir aos Challengers de Guimarães e de Lisboa/Belém:
2013 (29 julho):
1º João Sousa, 90º
2º Gastão Elias, 132º
3º Pedro Sousa, 260º
4º Rui Machado, 357º
5º Frederico Gil, 497º
6º João Domingues, 553º
7º André Gaspar Murta, 724º
8º Frederico Silva, 729º
9º Leonardo Tavares, 812º
10º Henrique Sousa, 1.152º
2018 (21 maio):
1º João Sousa, 48º
2º Gastão Elias, 107º
3º Pedro Sousa, 120º
4º João Domingues, 210º
5º Gonçalo Oliveira, 221º
6º João Monteiro, 268º
7º Frederico Silva, 311º
8º Frederico Gil, 426º
9º Nuno Borges, 540º
10º Tiago Cação, 689º
E agora atentemos o que mudou em 5 anos:
1 – João Sousa estava a fazer a abordagem aos torneios do Grand Slam, jogando os quadros principais.
2 – Há 5 anos, o vimaranense ainda não dispunha de um fisioterapeuta para o acompanhar aos grandes torneios.
3 – Portugal organizava metade dos Futures masculinos comparativamente à oferta que existe para 2018.
4 – Ainda se vivia de imagem de Frederico Gil, finalista do Estoril Open em 2010.
5 – João Sousa tinha sido o quarto jogador a integrar o top 100 mundial. Fê-lo aos 23 anos em 15 de outubro de 2012, ocupando o 99º lugar.
6 – Gastão Elias foi o quinto e último jogador a juntar-se ao top 100 ATP. Aconteceu quando tinha 25 anos, a 25 de abril de 2016, com a 94ª posição.
7 – Desde a vitória de João Sousa em Guimarães (2013), Portugal somou 10 títulos em torneios Challenger.
8 – Portugal voltou a estar representado em singulares e pares nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro (2016), através de João Sousa e Gastão Elias.
9 – Pela segunda vez na história, Portugal disputou o playoff de acesso ao Grupo Mundial na Taça Davis, defrontando em setembro de 2017 a Alemanha.
10 – A passagem do 93º aniversário da Federação Portuguesa de Ténis ficou marcada pela assinatura do contrato com o governo que permite à entidade federativa assumir a gestão do complexo do Complexo do Estádio Nacional, dotando o CAR Jamor Jogos Santa Casa de melhores condições.
Norberto Santos, jornalista